TERESÓPOLIS — O resgate do turista francês Marc Meslin, de 22 anos, que estava desaparecido desde a sexta-feira no Parque Nacional da Serra dos Órgãos, foi bastante complicado. O capitão Diogo Moreira da Paixão e o sargento Márcio Fragoso de Oliveira Medeiros, dois dos três militares do Corpo de Bombeiros que ajudaram a resgatar o estudante de uma gruta no Vale da Morte, contaram que ele precisou ser içado verticalmente a 30 metros de altura com o turista sentado num cinto-cadeira.

- Fizemos o acesso vertical ao local onde estava a vítima no Vale da Morte. O acesso é feito com corda com lodo até uma cachoeira. Durante os cinco dias de trabalho sempre achávamos pouco provável que ele estivesse naquela região - explicaram os bombeiros, lembrando que o local normalmente só é acessado por montanhistas experientes:

- Montanhistas mais experientes seguem por vários níveis e levam dez dias para percorrer esse trecho, pernoitando na pedra. Além disso, o acesso é fechado. Os frequentadores colocam galhos para impedir o acesso.

Segundo os bombeiros, Marc contou que chegou ao local deslizando pelas cordas que estavam lá - deixadas por outros montanhistas. Ele, no entanto, disse que escorregou e caiu de costas sobre uma pedra, mas o notebook que estava dentro da mochila que ele carregava amorteceu a queda.

- Naquela região onde ele estava faz 5 graus negativos à noite. Ele poderia ter tido uma hipotermia - disseram ainda os bombeiros da equipe de resgate.

INFORMAÇÕES DESENCONTRADAS

Os bombeiros contaram ainda que o rapaz havia deixado um recado afirmando que estava vendo Petrópolis do local onde estava, o que levou a equipe a acreditar que ele pudesse estar em outra região.

- Ele deixou um recado dizendo que estava vendo Petrópolis, então podia ser na região mais alta, ali no Morro da Luva. Mas na verdade ele estava vendo Guapimirim achando que era Petrópolis. Quem não conhece o relevo e a geografia do Rio de Janeiro pode se enganar mesmo.

A operação de resgate do francês envolveu 100 bombeiros de seis quartéis diferentes, agentes do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e voluntários da Federação de Desportistas de Montanha do Rio de Janeiro. Ao ser levado de ambulância até a sede de Teresópolis do parque, Marc respondeu que estava bem, mas que sentiu um pouco de frio.

O turista foi resgatado a mais de 30 quilômetros da sede de Teresópolis do parque. Ele foi encontrado na tarde de terça-feira numa área conhecida como Vale da Morte, uma região de difícil acesso. O estudante carregava um equipamento mínimo, com um agasalho, um saco de dormir e um cobertor leve. De acordo com os militares, o estudante francês teria tentado descer em uma região onde é necessário o uso de cordas. Como não tinha o material, Marc ficou preso em uma região, sem conseguir descer nem subir.

Nesta quarta-feira Marc foi levado para o Hospital das Clínicas de Teresópolis, onde irá receber os primeiros tratamentos.

Fonte: Extra / Gustavo Goulart