O deputado Gabriel Souza (PMDB), líder do governo de José Ivo Sartori na Assembleia Legislativa, reconheceu que as privatizações oferecidas como contrapartida à União, pela renegociação da dívida, podem ir além da CEEE (Companhia Estadual de Elétrica Energia), Sulgás e CRM (Companhia Riograndense de Mineração). As informações foram publicadas pelo jornal Correio do Povo.

“Não quero avaliar, neste momento, qual valor a União irá pedir. Serão bilhões, isso é certo. Sulgás e CEEE, que têm um passivo trabalhista gigantesco, asseguram R$ 3 bilhões. A CRM não vale quase nada. Saberemos em março, no retorno dos técnicos do governo federal, quais serão os termos da negociação”, disse o deputado, segundo o jornal.

Souza chamou a renegociação da dívida – com contrapartidas questionadas por oposição e especialistas – de “plano conjugado” e disse: “Precisa privatizar alguma coisa. Não tem almoço grátis”.

Em 2014, a Sulgás repassou para o caixa único do Estado, na forma de dividendos e de juros sobre o capital próprio, R$ 25,8 milhões. Em 2015, o valor aumentou para R$ 33,2 milhões. A Assulgás (Associação dos Servidores da Sulgás) estima que a companhia tenha fechado 2016 com lucro de R$ 120 milhões, que exclui o pagamento de toda a folha salarial e os investimentos em obras, manutenção e demais custos, realizados com recursos próprios da venda de gás natural, sem a necessidade de utilização de verbas estatais. Deste montante, 51% será repassado para o caixa único do Estado e 49% para a Gaspetro, que é sócia do negócio.

Em entrevista ao Sul21, em janeiro, o presidente do Sindicato dos Mineiros de Candiota, Wagner Lopes, comentou a intenção do governo José Ivo Sartori de vender a Companhia, responsável pela maior jazida de carvão do país.  “Nos últimos quatro anos, a CRM colocou mais de R$ 60 milhões no caixa único do Estado e fez investimentos de R$ 137 milhões, com recursos próprios, sem recorrer a financiamentos bancários. Fala-se agora em vender a CRM por 400 ou 500 milhões. Quem comprar, controlará uma riqueza de mais de R$ 200 bilhões. O que o governo vai fazer com esse dinheiro? Pagar um terço da folha de pagamento de um mês? (a folha de dezembro de 2016 foi estimada em R$ 1,41 bilhão). Vai abrir mão de uma riqueza de R$ 200 bilhões para isso?”, questionou ele.

Já o ex-presidente da CEEE, Gerson Carrion, contestou números apresentados pelo secretário geral de governo, Carlos Búrigo, na apresentação do pacote de medidas do governo, afirmando que a CEEE não tem capacidade de investimento. “Essa informação não tem nenhum fundamento técnico. Só a distribuidora, em quatro anos, investiu R$ 2 bilhões”, disse Carrion.

Fonte: Redação Sul 21

Foto: Guilherme Santos/Sul21