Em meio ao drama das pessoas atingidas por barreiras da comunidade dos Milagres, na Zona Oeste do Recife, um garoto de 12 anos chamou a atenção. Gabriel Antônio dos Santos saiu de casa e ajudou os bombeiros em resgates. "Bateu uma dor no peito quando vi aquelas pessoas soterradas”, afirmou.

Pensando em estudar para ser bombeiro, Gabriel disse que se sentiu honrado com a “missão”. Tanto é que fez amizades e ganhou um boné de presente de integrantes de um grupamento.

O garoto participou de uma grande operação, realizada durante os temporais que castigaram o Grande Recife. Foram 128 mortos. Ao todo, 54 cidades tiveram problemas com a chuva do fim de maio e 34 delas decretaram situação de emergência.

Tímido, Gabriel contou que, na manhã do sábado (28), soube do deslizamento perto de casa. Não teve dúvida. Saiu correndo e “se alistou” para trabalhar. “Vi cenas tristes e de dor”, declarou.

O jovem contou que conseguiu ajudar os bombeiros a retirar dos escombros duas pessoas com vida. “Queria ter tirado mais”, disse.

Inspirado pelo trabalho dos bombeiros, ele afirmou que sempre admirou os resgates e as ações que ajudam as pessoas. “É muito importante salvar vidas”, afirmou.

Depois de manter contato com os bombeiros, alguns de outros estados, recebeu uma lição. “Disseram para eu nunca desistir dos meus sonhos”, declarou.

O trabalho dos bombeiros durou seis dias. O último corpo foi encontrado na sexta (3). Mais de 400 profissionais de Pernambuco e outros nove estados enfrentaram jornadas desgastantes.

O trabalho só era interrompido quando a tempestade voltava. Os bombeiros usaram máquinas e contaram com apoio de cães farejadores (veja vídeo aqui).

“Foi uma mistura de diferentes sentimentos. A gente tem uma satisfação muito grande de estar aqui, com companheiros, desenvolvendo um trabalho importante paras pessoas. Por outro lado, é uma tristeza por todo desastre que aconteceu”, declarou o major Clemente Michaels, de Santa Catarina.

Integrante dos bombeiros de Pernambuco, o major Alcy participou do resgate do último corpo, em Camaragibe, no Grande Recife.

“A gente tem aquela ânsia, aquela vontade de encontrar e devolver à família que estava esperando o corpo daquela pessoa e só ia parar quando terminasse”, disse, lembrando das ações de resgate.