O Corpo de Bombeiros Militar informou que o imóvel que desabou na manhã de terça-feira (25) em Florianópolis e causou a morte de uma mulher estava irregular perante a corporação. De acordo com o comandante da operação que atuou no atendimento, capitão Bruno Azevedo Lisboa, a edificação receberá uma notificação por causa disso.
Os bombeiros suspeitam que uma explosão por vazamento de gás tenha causado os danos, no bairro Jurerê. A reportagem não conseguiu contato com o próprietário da edificação.
O corpo da mulher que morreu com o desabamento da estrutura foi encontrado perto das 22h30 de terça.
“O imóvel não tinha nenhum registro no Corpo de Bombeiros. O imóvel estava irregular perante a fiscalização do Corpo de Bombeiros. É um residencial multifamiliar, exige fiscalização e tem que ter algum sistema de segurança. Se estavam vigentes ou não, se tinham ou não, a perícia também vai analisar esses fatores. A gente já providenciou também essa conferência. Vamos notificar a edificação também com relação a isso, por não estar irregular perante o bombeiro", afirmou Lisboa.
O que se sabe até agora
- os bombeiros foram chamados às 8h48 de terça para atender à ocorrência
- imóvel de dois andares com quitinetes desabou. Os escombros vistos nas imagens são do segundo pavimento, já que o primeiro foi suprimido com o colapso da estrutura
- bombeiros suspeitam que houve explosão por vazamento de gás, mas somente a perícia poderá confirmar a causa do desabamento
- uma mulher de 56 anos morreu com o desabamento. O corpo dela foi encontrado sob os escombros perto das 22h30 de terça
- laudo sai em até 30 dias após a perícia ser feita no local
- perícia não iniciou nesta terça, já que a prioridade era encontrar a moradora desaparecida
- buscas pela mulher foram feitas com o auxílio de cães e escavadeira. À noite, foi usado um gerador para iluminar o local
- uma casa vizinha foi interditada pela Defesa Civil porque a estrutura ficou comprometida e precisa de reforma
- 11 pessoas ficaram desalojadas. Desse total, sete foram para um hotel pago pela prefeitura e as demais, para a casa de parentes
Desabamento
Segundo relatos de vizinhos, o barulho do desabamento foi ouvido em várias partes do bairro. Janelas e portas de casas próximas também foram arrancadas. Ao menos um veículo foi atingido pelos escombros.
O residencial tinha sistema de gás central. O Corpo de Bombeiros Militar informou que o imóvel que desabou tinha quatro apartamentos.
Na terça, 15 bombeiros atuaram no atendimento ao desabamento, com um caminhão, uma ambulância, e um helicóptero.
Moradores
Os moradores relataram momentos de pânico com o desabamento. Dário José Magalhães, de 71 anos, estava dormindo quando ouviu um barulho forte que estremeceu a casa onde mora com a mulher há cerca de três anos.
O casal ficou sem saber o que fazer até que percebeu que o apartamento estava destruído e que os estilhaços de vidros das janelas ficaram espalhados para todos os lados.
"Escutamos aquele barulho, aquela explosão e só vimos portas e janelas voando, vidros estraçalhando tudo. Só sei que quebrou televisão, quebrou tudo dentro de casa, meu, e o carro é aquele ali, que está todo destruído", disse o homem.
Quem também viveu momentos difíceis na manhã de terça foi Valdirene Bastos, de 64 anos, que estava no imóvel visitando o neto Alisson Bastos, de 25. A idosa ficou ferida no rosto.
Valdirene acordou cedo e presenciou o momento quando tudo aconteceu. "Eu acordei 7h com cheiro de gás muito, muito forte. E daí eu fui pro banheiro, lavei meu rosto, escovei os meus dentes e aquele cheiro de gás continuava, não parou".
Ela resolveu usar a água quente que tinha numa garrafa térmica para fazer o chimarrão que toma pela manhã. Ela estava sentada no sofá quando tudo aconteceu.
"Eu vi aquele relâmpago assim, sabe? Aquele relâmpago e aquele estouro. E já veio tudo para cima de mim na cozinha”.
“Eu vi o momento certinho. Aquilo foi questão de segundos. Não deu tempo para nada. Meu neto estava dormindo. Já vi que veio a porta dos fundos da sacada por cima dele. Veio a porta do banheiro para cima dele", relata.
Ela e o neto conseguiram sair do apartamento antes que mais escombros desabassem.
Buscas
Desde a manhã, os bombeiros buscavam por Elenita Pereira da Silva, de 56 anos, que morava no primeiro andar da edificação. A equipe teve auxílio de um cão e uma escavadeira. À noite, usaram um gerador para iluminar o local.
De acordo com os bombeiros, que encontraram o corpo dela perto das 22h30 de terça, os indícios indicam que a morte ocorreu no momento do colapso da estrutura. A vítima estava na área da cozinha.
Segundo a amiga Carolina de Almeida, de 69 anos, a mulher havia se mudado há 15 dias para o apartamento. Elenita chegou a mandar uma mensagem para a amiga minutos antes do colapso.
Elenita enviou uma mensagem de "bom dia" em um aplicativo de mensagens às 8h18 para a amiga. “Ela me manda notícia todo dia", diz Carolina.
O Corpo de Bombeiros foi chamado para atender ao desabamento às 8h48. Carolina respondeu às 9h40 com "Saúde e paz", sem saber do ocorrido.
Ela conta que ficou sabendo do desabamento quando encontrou uma amiga em comum nesta terça e ficou chocada com a informação.