Um incêndio de grandes proporções atingiu uma área de vegetação neste sábado (14) no Morro Santana, em Porto Alegre. O Corpo de Bombeiros foi acionado por volta das 20h. Três guarnições fizeram o combate às chamas, que foram controladas perto da meia-noite. Conforme os bombeiros, ninguém ficou ferido.

"A gente foi até o topo do morro para visualizar os focos principais e de lá o combate se deu com o uso de batedores e de soprador. Não teve como utilizar água das viaturas porque o local é de difícil acesso", justifica o tenente Rodrigo Moraes, que coordenou a ação das equipes.

O vento forte e a vegetação seca fez com que o fogo se espalhasse rapidamente. A origem do incêndio ainda é desconhecida. "Um toco de cigarro, até um fósforo que se risque ali, que não esteja bem apagado, pode ocasionar um incêndio", arrisca o tenente Moraes.

Os moradores dizem que as chamas alcançaram uma casa e quase atingiram várias residências. Para tentar conter o fogo, antes da chegada dos bombeiros, a comunidade precisou fazer uma força-tarefa. Os moradores reclamaram da demora no atendimento.

"Começou a chegar perto das casas, e a gente começou a apagar. Os bombeiros chegaram depois", relata o auxiliar de escritório Felipe Rocha Pinto, que mora no Morro Santana e ajudou no combate ao incêndio.

 

"Estava todo mundo desesperado aqui. Eu entrei no mato, tinha mais de 40 pessoas apagando o fogo", conta o serralheiro Leonei Gomes.

 

O Corpo de Bombeiros alega que o combate às chamas começou no topo do morro. Só depois os oficiais teriam sido avisado sobre os focos de incêndio perto das casas.

"Nós fomos acionados pela sala e, tão logo houve esse chamado, se deslocou uma guarnição, logo seguida mais uma e uma terceira na sequência também. Nós começamos o trabalho no topo do morro, quando nós fomos informados que haveria focos nessa área aqui, foi deslocada para cá uma guarnição e também um caminhão", afirma o tenente Moraes.

O trabalho de rescaldo foi concluído pouco depois da 1h30 de domingo (15).

Falta d'água

Quando o incêndio começou, no início da noite de sábado, faltava água nas mangueiras para que a comunidade pudesse defender suas casas do fogo até a chegada dos bombeiros.

Moradores do Morro Santana contam que, desde o início do verão, precisaram adaptar suas rotinas para conviver com a falta d'água. Alguns a armazenam em baldes para dar conta das tarefas diárias, já que, segundo eles, o abastecimento é interrompido diariamente durante a tarde e à noite.

O Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae) informou que essa região faz parte dos "locais com intermitência e instabilidade de abastecimento de água nos períodos de verão, de excesso de calor e de altos consumos" e que levou água até o local após ser chamada por moradores. (leia nota completa abaixo)

Quem tinha caixa d'água, ajudou. "Um senhor tinha caixa d'água e começou a encher baldes para nós, e a gente levava baldes e apagava", lembra Felipe.

Alguns vizinhos preferiram tirar os móveis de dentro de casa para salvá-los caso as chamas alcançassem a residência. Outros cortaram a vegetação seca que ficava próxima às casas.

"As pessoas apagando fogo com folhas de bananeira ou motosserra, cortando as árvores secas para não chegar até sua casa. É um absurdo", define a analista de projetos Luciele Acosta. "A gente trabalha com o que tem", conclui.

Nota do Departamento Municipal de Água e Esgotos (DMAE)

As áreas mais elevadas do Morro Santana e arredores fazem parte da relação de locais com intermitência e instabilidade de abastecimento de água nos períodos de verão, de excesso de calor e de altos consumos.

Diariamente é enviado caminhão pipa para abastecer as caixas comunitárias das ocupações da parte alta (Vila Nova Tijuca, Laranjeiras).

Inclusive ontem à noite [sábado (14)] o Dmae foi contatado pela liderança da região solicitando que o pipa foi enviado hoje [domingo (15)] para abastecer essas caixas. A equipe está na comunidade no momento.

Essas regiões do nordeste da Capital necessitam investimentos da ordem de R$ 87 milhões, para expansão da distribuição de água, previsão que consta no Plano de Saneamento PMSB 2015.

A Prefeitura e o DMAE buscam recursos junto ao Ministério Desenvolvimento Regional e Banco BRDE para realização dos investimentos, sendo que a primeira das 10 obras já esta em execução e a próxima terá licitação de obra ainda nesse semestre.