Focos de um incêndio florestal que atinge a Argentina há mais de um mês se intensificaram no município de Santo Tomé (província de Corrientes), que faz divisa com São Borja, na Fronteira Oeste, na sexta-feira (19). As complicações se devem à seca prolongada, que continua a castigar a província de Corrientes. Na noite deste sábado (19), as chamas podiam ser vistas de prédios da região central do município, próximo à Praça da Lagoa.
Por conta da situação, um grupo de 20 bombeiros gaúchos se deslocou neste sábado para território argentino. Fizeram isso após o prefeito de São Borja, Eduarto Bonotto, receber um pedido formal de ajuda do intendente de Santo Tomé para auxílio no combate ao fogo, que está avançando rapidamente. A informação foi confirmada pelo Corpo de Bombeiros.
— A situação do incêndio em Santo Tomé está delicada, fora do controle. O vice-governador Ranolfo Vieira Júnior foi acionado e nos convocaram por volta da 1h, quando foram acionadas as FR2 (Força de Resposta Rápida). Serão 20 homens deslocados para a Argentina, 12 pela manhã e outros oito chegando à tarde — descreve o tenente-coronel Rafael Barcellos Venturella, comandante do 11º Batalhão dos Bombeiros Militares (das Missões). Ele chefia guarnições antifogo de 38 municípios da fronteira oeste.
Os bombeiros gaúchos que atuam na Argentina são do 11º Batalhão (Santo Ângelo e São Borja), do 6º (Santa Cruz do Sul) e 8º batalhão (Canoas). Eles se concentraram em São Borja e se deslocaram para a Argentina por volta das 8h30min deste sábado.
De acordo com Bonotto, os profissionais seguiam no local na noite de sábado, trabalhando em conjunto com as equipes argentinas. O prefeito afirma que, no final da tarde o tempo ficou nublado em São Borja devido à fumaça vinda daquela região. Também era possível sentir um cheiro forte de fumaça e observar resquícios de incêndio (fuligem) caindo do céu.
O contingente especializado da FR2 da corporação tem treinamento padronizado e atua em missões de busca, salvamento e resgate em situações extremas, especialmente condições climáticas adversas, cuja dimensão extrapola a capacidade de resposta da unidade local.
As guarnições deslocadas para a Argentina contam com seis veículos autotanque (caminhões) e duas pick-ups com o Kit Guarani (bolsões de água na caçamba, específicos para atuar em mato).
Neste momento, existem 17 focos ativos em toda a província argentina de Corrientes, com mais de 700 mil hectares e 31 mil plantações florestais queimadas.
Segundo o governo local, mais de 2,6 mil bombeiros e brigadistas estão combatendo o incêndio, com 10 aviões hidrantes, cinco helicópteros, caminhões-tanque e 97 tripulantes particulares. Até de Buenos Aires vieram 200 bombeiros. O governador de Corrientes, Gustavo Valdés, decretou zona de catástrofe ecológica e ambiental na província nesta sexta-feira. No último dia 7, ele já havia decretado estado de emergência agropecuária na região.
Além de São Borja, a fumaça alterou a paisagem em outros municípios próximos à fronteira, como Santo Antônio das Missões. A condição piora a qualidade do ar, segundo o Corpo de Bombeiros.