Trinta e quatro pessoas morreram nos incêndios florestais que atingiram no último domingo em Portugal e a região vizinha da Galícia, na Espanha, após vários meses de seca e a passagem do furacão Ophelia. Ao menos 31 pessoas morreram em Portugal, de acordo com um balanço atualizado divulgado pela Defesa Civil nesta segunda-feira. "Podemos confirmar as mortes nos distritos de Coimbra, Castelo Branco, Viseu e Guarda", no centro e norte de Portugal, afirmou em uma entrevista coletiva a porta-voz da Defesa Civil, Patricia Gaspar.
Os incêndios também fizeram 51 feridos, entre os quais 15 estão em estado grave, segundo a mesma fonte. Nessedomingo, o país tinha 440 incêndios declarados, "o pior dia desde o início do ano", relatou a porta-voz. O primeiro-ministro Antonio Costa declarou "estado de catástrofe" no país, onde durante toda a noite 5.800 bombeiros lutaram para apagar 26 incêndios de grandes proporções.
O fogo foi propagado por rajadas de vento de até 90 km/h provocadas pelo furacão Ophelia, que avançava pelo norte da costa espanhola em direção à Irlanda. "Vivemos um verdadeiro inferno, foi horrível. O fogo estava por toda a parte", relatou à televisão pública RTP uma moradora de Penacova, localizada perto de Coimbra e onde dois irmãos morreram quando tentavam combater o fogo.
A região da Galícia, na Espanha, também registrou vários focos de incêndio, com três mortos. O governador da Galícia, Alberto Núñez Feijóo, afirmou que 15 focos de incêndio estavam ativos nesse domingo nesta região do noroeste da Espanha e citou uma situação "crítica", com direito a zonas urbanas sob ameaça.
Milhares de bombeiros foram enviados à região e contam com o apoio de soldados e moradores. De acordo com a previsão meteorológica, a temperatura deve cair nesta segunda-feira e chuvas devem ajudar os bombeiros a controlar as chamas. O furacão Ophelia é o primeiro desde 1939 que avança desta tão ao norte do Atlântico.
"Seca severa"
"Fomos atingidos por uma seca severa e o país foi varrido por ventos fortes ontem (domingo) por causa do furacão Ophelia que passou pelas proximidades", afirmou a ministra portuguesa do Interior, Constança Urbano de Sousa.
Portugal registrou 524 incêndios no domingo, algo inédito desde 2006, ressaltou o primeiro-ministro Antonio Costa.
Em junho, o país enfrentou o incêndio mais mortal de sua história, que deixou 64 mortos e mais de 250 feridos perto de Pedrogao Grande, no centro do país.
Entre o início de janeiro e o final de setembro, quase 216 mil hectares de vegetação foram queimados, de acordo com uma estimativa do Instituto de Conservação da Natureza e Silvicultura. Ao contrário da tragédia de Pedrogao Grande, onde as vítimas morreram em um único incêndio de violência sem precedentes, as vítimas deste domingo e segunda-feira pereceram em vários incêndios no centro e norte do país.
Os distritos de Viseu (norte) e Coimbra (centro) são os mais afetados, com 16 e 10 mortes, respectivamente.
Na Galícia, duas pessoas ficaram presas em seu veículo perto de Nigran enquanto tentavam fugir. Um homem idoso também foi encontrado morto em um galpão atrás de sua casa em Carballeda de Avia.
O chefe do governo espanhol, Mariano Rajoy, deve visitar a Galícia, sua região natal, depois de expressar suas condolências no Twitter. À noite, cinco incêndios perto da cidade portuária de Vigo, que tem cerca de 300 mil habitantes, resultaram na evacuação de um centro comercial e de uma fábrica PSA Peugeot Citroën, onde o trabalho foi retomado normalmente nesta manhã.
Fonte: Correio do Povo
Foto: Miguel Riopa / AFP / CP