Com mais de 500 ocorrências de fogo em mato só esse ano nos municípios da Região, o 19º Grupamento de Bombeiros tem realizado mapeamento de áreas recorrentes para conseguir prevenir situações semelhantes nos próximos anos. De acordo com o tenente Flávio Medrado, comandante da estação de bombeiros de Jundiaí e Itupeva, a intenção do mapeamento é eliminar o problema pela raiz.

"A prevenção pode ser a melhor forma de evitar essas ocorrências. Temos aqui pelo menos 10 endereços que em todos os últimos cinco anos registraram incêndio. O trabalho de prevenção consistirá em visitar esses locais constantemente para alertar a população", diz.

O comandante reforça a importância da parceria com a Prefeitura de Jundiaí. "Jundiaí faz um trabalho de fiscalização também e inclusive tem uma lei para multar o dono de terreno que mantém o mato sem aparar", comenta.

Em 2020, a Unidade de Gestão de Planejamento Urbano e Meio Ambiente vistoriou mais de 650 locais onde houve denúncias de queimadas via 156. No total, 50 propriedades foram multadas por negligência nos cuidados com a propriedade, ocasionando as queimadas. A lei municipal 8.858/17, chamada Lei de Queimadas prevê multas de R$ 720 ao proprietário.

NÚMEROS

Ao longo do ano de 2020, o 19º Grupamento de Bombeiros atendeu 5 mil ocorrências dos mais variados tipos. Dentre elas, 600 foram de fogo em mato entre maio e outubro, período de estiagem. Ainda não há estatísticas comparativas oficiais, mas em 2021 já houve 85% desse total em quase 50 dias a menos.

Segundo o tenente Medrado, o grupamento atende todo o tipo de ocorrência, mas no período de grande número de queimadas tem que manter um efetivo maior para dar conta da demanda. "Temos 11 bombeiros operacionais por dia, mas no período de estiagem contamos com 6 a mais. No período de 13h a 21h, quando mais temos demanda de ocorrência, acabamos mantendo uma equipe de 15 bombeiros."

Apesar do pequeno número de profissionais todos os chamados têm sido atendidos diariamente. "O que a gente faz para dar conta de tudo é escalonar por prioridade. Tudo o que ameaça a vida ou a propriedade, como fogo em residências ou empresa ou em áreas de proteção ambiental, é prioridade."

De acordo com ele, fogo em residência tem sido bem comum. Essa semana, na quarta-feira (8), uma residência foi queimada na Vila Nambi. Um casal de idosos precisou ser resgatado, mas nenhum dos dois ficou ferido. "Não tivemos vítimas, mas a casa ficou bastante prejudicada."

FOGO CRIMINOSO

Nesse processo de mapeamento de áreas com incêndios recorrentes, uma das intenções é coibir a prática de início criminoso de fogo. "Ainda tem muita gente que quer limpar o terreno e perde o controle das chamas ou mesmo que quer queimar lixo", lamenta.

"Enquanto estávamos combatendo o maior incêndio registrado em Cabreúva fomos acionados porque uma família colocou fogo em lixo e perdeu o controle e as chamas estavam chegando pelo outro lado da Serra do Japi, também em Cabreúva. Tivemos que deslocar 10 homens porque se não controlássemos aquele fogo, ele poderia afetar o lado que ainda estava intacto da Serra e se unir ao incêndio principal. Isso atrapalha muito nosso trabalho."

Em Cabreúva, mais de 10 milhões de m² de mata nativa foram consumidos na Serra do Japi, no final de agosto. Tudo indica que o incêndio tenha se iniciado devido à queda de um balão.

No dia 3 de setembro outro incêndio se iniciou na Serra do Japi, também em Cabreúva, e demandou quase uma semana de trabalho conjunto entre bombeiros, Defesa Civil e helicóptero Águia, até que as chuvas começaram e ajudaram a eliminar o restante dos focos. Com isso, pelo menos 250 mil m² foram queimados. "Esse incêndio foi complicadíssimo porque a área além de inacessível tem um solo muito instável."

Para evitar a destruição de mata nativa e evitar riscos a residências, o tenente alerta: "Não tentem utilizar o fogo para queimar lixo, mato alto, não joguem bitucas de cigarro pela janela do carro e nos contatem sempre que preciso."