A Justiça aceitou denúncia contra dois irmãos por uma tentativa de assalto a um soldado do Corpo de Bombeiros em Novo Hamburgo, na Região Metropolitana de Porto Alegre. O crime ocorreu no dia 19 de agosto, quando os irmãos acabaram sendo baleados. Um deles, Lucas Wottrich, acabou morrendo. Já Jeyson Wottrich, de 28 anos, ficou ferido e foi indiciado pela Polícia Civil por roubo qualificado.
A decisão do juiz Marcos Braga Salgado Martins, aceitando a denúncia, é de segunda-feira (29). O magistrado considerou que há provas suficientes e ainda indícios de participação. Entretanto, devido à morte de Lucas, o magistrado retirou a culpa dele, conhecida juridicamente como extinção da punibilidade.
Por outro lado, o juiz entendeu não haver motivos para a concessão da prisão preventiva a Jeyson, por ele ter residência fixa e ser réu primário. Considerou ainda que o homem ficou gravemente ferido e passou por vários procedimentos cirúrgicos. "Frente a isso, não se pode afirmar que há risco de reiteração delitiva, evasão ou prejuízo à instrução criminal", observou o magistrado em seu despacho.
O advogado Marcelo Lemos, que representa Jeyson, diz que se manifestará nos autos, mas já adianta que lutará pela absolvição do cliente, que considera inocente. "Ele não cometeu nenhum ilícito. Isso é bem claro para nós", afirmou.
Relembre o caso
Imagem divulgada pela Brigada Militar no dia da
morte de Lucas (Foto: Brigada Militar/Divulgação)
O fato aconteceu no final da madrugada da quinta-feira (4) no bairro Canudos, em Novo Hamburgo. Segundo a Brigada Militar, Lucas e Jeyson haviam tentado assaltar o bombeiro, que revidou disparando contra os dois. O primeiro morreu, e o segundo outro foi hospitalizado sob custódia policial.
Jeyson foi liberado da custódia e recebeu alta no dia 18 de agosto. A família contesta a versão da polícia, afirmando que a dupla era inocente, e organizou um protesto para pedir justiça na Zona Norte de Porto Alegre no último sábado (13).
No entanto, o delegado responsável pelo caso, Moacir Fermino, disse que os relatos das seis testemunhas do caso apontam para uma tentativa de assalto. "Com toda a certeza e clareza, foi roubo. Ouvimos também o socorrista, que disse que foi muito difícil retirar a mochila do policial, que estava em posse do assaltante que morreu", disse o delegado.
Os familiares dos dois irmãos argumentam que eles estavam desarmados. O delegado confirma, mas diz que eles fizeram menção de sacar uma arma, o que levou a polícia a ver legítima defesa no ato do bombeiro. "Protestar é um direito deles, mas investigamos com bastante isenção e imparcialidade e encontramos provas irrefutáveis", argumentou.