Dois sargentos do Corpo de Bombeiros Militar (CBM) de Lajeado se aposentam neste fim de semana. Às 8h deste sábado (5), o sargento Eloir Pasch, de 56 anos, se despediu do quartel. Ele passou o serviço para o sargento Neimar Gonçalves dos Santos, de 53, que fará sua despedida no domingo (6), também às 8h.

Além de toda a liturgia tradicional de troca de posto, o quartel homenageou a dupla de uma forma especial: com um banho de despedida.

No final, o sargento Eloir foi conduzido pelo caminhão dos Bombeiros até sua residência, em Bom Retiro do Sul. No domingo, será a vez de Neimar ser, literalmente, cortejado até sua casa, como marca deste fim de jornada.

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Segundo o comandante do CBM de Lajeado, tenente Fausto Gusmão Althaus, a aposentadoria da dupla, com a passagem de serviço de um sargento para o outro, é inédita no quartel.

“Os dois profissionais auxiliaram muito a região do Vale do Taquari em suas funções de bombeiro militar”, comenta Althaus. Os dois sargentos desempenharam o trabalho além do prazo regulamentar de aposentadoria.

Redução de efetivo

Como o efetivo do Corpo de Bombeiros está defasado, Althaus comenta que será um tempo de superação para os que ficam. “Tem uma turma em formação. Por isso, os poderes Legislativo e Executivo municipal terão que unir forças para trazer novos soldados.”

O quartel ainda não tem nenhum substituto para os sargentos. O pelotão de Lajeado, vinculado ao 6º Batalhão de Bombeiros Militar (6º BBM), com sede em Santa Cruz do Sul, é o que tem o mair número de ocorrências.

Última continência

Há 33 anos, os sargentos Eloir e Neimar ingressaram no Corpo de Bombeiros Militar do Rio Grande do Sul. Desde a inauguração do CBM de Lajeado, em 20 de dezembro de 2004, atuam juntos na cidade e juntos se despedirão do quartel.

Durante os anos de serviço, Eloir destaca a amizade dos colegas de profissão, dentro e fora do quartel. Além disso, o fato de poder ajudar as pessoas quando elas mais precisam. “Geralmente quando nos chamam, somos a última salvação. Sempre que chegamos, conseguimos cumprir com o nosso papel, isso é muito gratificante.”

Eloir diz que é preciso ter consciência e saber a hora de parar de trabalhar, pois o bombeiro não tem direito de errar durante o atendimento. “Preferi parar antes de uma ocorrência me mostrar que eu não consigo mais fazer o meu trabalho.”

De acordo com Eloir, o trabalho de bombeiro não se restringe as 24 horas passadas no quartel. É preciso sempre estar aprendendo técnicas novas e aprimorando as já conhecidas. “Está na hora de darmos um descanso para o corpo e para a mente.”

Missão cumprida

Neimar conta que ingressou no CBMRS por causa de uma brincadeira. Trabalhava fora do estado e voltou para visitar amigos, nas férias. Um desafio em seu bairro motivou oito pessoas a se inscreverem no concurso. Todos passaram, porém apenas ele permaneceu no serviço.

“Hoje, tenho dois filhos e meu genro que também são bombeiros”. Para ele, a missão foi cumprida e agora precisa dar espaço para outros soldados. Além disso, precisa de consciência para não se tornar uma vítima durante a ocorrência, e por isso é necessário saber a hora de parar.

Em sua carreira, ele relembra duas ocorrências. Um capotamento de veículo, em que descobriu que a vítima era seu filho, quando chegou para fazer o atendimento. A outra em Pouso Novo, onde retirou um bebê de baixo do banco de um carro.

“Espero que no meu último plantão, eu não tenha nenhuma ocorrência para atender”, fala Neimar. Há dois anos ele vem se preparando para o dia de sua aposentadoria e afirma que no domingo deixará o quartel feliz pelo tempo e bom serviço prestado.