O Corpo de Bombeiros Militar do Amazonas (CBMAM) possui cinco cães, que fazem parte do Comando de Busca, Resgate e Salvamento com Cães (Bresc), e que são treinados diariamente para auxiliar os bombeiros quando eles atuam na procura de pessoas desaparecidas em mata fechada e/ou em lugares de difícil acesso.
Com toda a tecnologia avançada, como GPS, imagens de satélites, até robôs em alguns casos, os cães ainda são os melhores recursos nesses casos de busca e salvamento de pessoas e, também, em meio a escombros e ainda na busca de cadáveres.
Recentemente, os animais participaram de um treinamento no Batalhão de Incêndio Florestal e Meio Ambiente (Bifma), localizado no Parque Estadual Sumaúma, no bairro Cidade Nova 1, Zona Norte da capital.
Os cães são treinados por seus condutores, bombeiros, que cuidam deles desde filhotes até o fim da vida dos animais. Como a expectativa de vida deles é de até 15 anos, os cães se aposentam aos seis anos de trabalho. Com o olfato e audição aguçados, eles são bem treinados para salvar pessoas ou achar um corpo, onde em muitos casos, a ajuda do cão, pode até resolver um crime não solucionado.
Para este tipo de trabalho de salvamento, não existe uma raça especifica de cão para se trabalhar. No Amazonas, são usados os cães da raça labrador, por serem de porte médio, serem muito ágeis e flexíveis, além de dóceis e brincalhões. Além disso, o cão labrador pode suportar as dificuldades do trabalho realizado. Outro cão, da raça pastor alemão, também é usado por ter um forte instinto de caça. É ideal para adentrar a mata.
Treinamento
Existem dois tipos de treinamento feito com os cães. Um deles é o de busca por rastreio, onde o animal trabalha com o focinho no chão, seguindo o rastro da pessoa de um ponto A ao ponto B. Neste tipo de treinamento, o cão precisa de uma parte limpa da pessoa a ser procurada, além de ter de ter de cheirar um objeto com o cheiro da mesma, que no caso real dos cães do CBMAM, seria a vítima.
O outro tipo de treinamento é o por venteio, que é o que a maioria das instituições do Corpo de Bombeiros utiliza. Neste modo, o cão procura o cheiro humano no ar, sem seguir uma determinada pessoa.
No Amazonas, atualmente, há quatro cães da raça labrador e um cão da raça pastor alemão da cor preta, que é bastante raro.
Hope, o mais antigo, está prestes a se aposentar
O cão Hope, é o mais antigo do Corpo de Bombeiros Militar do Amazonas. Ele tem seis anos de idade e foi o primeiro cão de resgaste da corporação.
Hope veio de Santa Catarina e no começo demorou um pouco para se adaptar devido ao clima mais quente do Amazonas, em relação ao seu estado de origem. Hoje ele já está em processo de aposentadoria, por já ter seis anos de trabalho. Em breve ele será incluso no trabalho de cinoterapia, feito pelo Corpo de Bombeiro com instituições de caridade e que é, em resumo, uma terapia feita com crianças, adolescentes e adultos com deficiência ou que tenham alguma necessidade especial.
Após a aposentadoria, a cinoterapia é muito importante para o cão, pois se eles pararem de vez eles podem se tornar animais depressivos. Hope já participou de várias missões de resgaste, dentre elas, do helicóptero que caiu no município de Tabatinga, a 1.108 quilômetros de Manaus, num acidente ocorrido em 2015.
O condutor do Hope é o Bombeiro Ferraz.
Bolt, o filho de Hope, é mais resistente
O cão Bolt é da raça labrador, tem dois anos de idade, e é filho do cão Hope. Por ter nascido em Manaus, por já estar acostumado com o clima da região, ele é um cão mais resistente. Novinho, Bolt também já participou de várias missões. A última foi durante as buscas a um rapaz desaparecido nas matas da cidade de Novo Aripuanã, município a 227 quilômetros de Manaus. No final, os bombeiros tiveram êxito na missão, encontrando o rapaz. Assim como no cão Hope, o Bombeiro Ferraz é o seu condutor.
Hero é o mais novo e o mais ágil
O cão Hero é o mais novo da equipe. Também da raça labrador, ele tem apenas um ano de idade já possui todas as qualidades para ser um bom cão de resgaste, que é gostar de brincar e ser dócil. Para os bombeiros o trabalho é de salvamento, mas para os cães, eles encaram como uma brincadeira onde a recompensa é encontrar a pessoa desaparecida. Hero já participou de algumas missões e é muito conhecido por sua rapidez e agilidade. Adriano Pantoja é o bombeiro condutor do cão Hero.
Bêni é treinado desde os dois meses de idade
O cão de resgaste Bêni tem dois anos de idade. Doação do Corpo de Bombeiros de Santa Catarina, ele chegou no Amazonas com apenas dois meses e a partir daí ele já começou o seu trabalho de treinamento. O cão já participou de várias missões também, como em Tabatinga, na queda de um avião, onde ele participou de busca na selva, percorreu mais de 10 quilômetros de selva, adentrou na mata onde o ser humano não conseguia entrar. O bombeiro condutor do cão Bêni, é Danilo.
O único pastor alemão é adestrado para encontrar cadáveres
O cão Dark é um pastor alemão preto, uma cor considerada rara. Ele veio do Espírito Santo para o Amazonas, como doação do Corpo de Bombeiros de lá. Hoje, Dark está com dois anos e quatro meses de idade e começou o seu treinamento assim que chegou a Manaus. O animal tem um diferencial em relação aos demais, ele está sendo treinado para encontrar cadáveres. O seu condutor é o bombeiro Silvestre.
Uma relação de amizade e confiança
Os cães do Corpo de Bombeiros Militar do Amazonas moram nas casas de seus condutores e assim que são acionados, ambos saem em missão. Quando não estão em missão, os seus condutores também treinam os cães, todos os dias.
Os animais possuem uma relação de amizade e confiança com os bombeiros condutores. Embora residam nas casas deles, a alimentação toda dos animais e os gastos com saúde é por conta da corporação. Os cães tem acompanhamento clinico feito pelos veterinários em consultas periódicas e se adoecerem ou em caso de acidente, são cuidados pelo CBMAM.
Cinoterapia
Na sexta–feira (27) teve início na Escola Municipal Educacional Especial André Vidal de Araújo, no bairro Parque Dez de Novembro, o trabalho de cinoterapia, terapêutica de cães no tratamento de crianças com problemas psicológicos, de relacionamento social, de afetividade, de aprendizagem.
Na atividade, os cães vão ajudar as pessoas com deferência a terem um desenvolvimento melhor, baseando-se em estudos que apontam os benefícios do convívio delas com esses animais. “A cinotorepia vai ser muito importante, para os cães ajudarem essas pessoas. Para os animais, vai ser importante, também. Ficarão mais dóceis. Os que vão se aposentar, como é o caso do cão Hope, não sentirão tanto a ausência do trabalho de resgaste”, comenta o major Américo Neto, responsável pela equipe do Comando de Busca, Resgate e Salvamento com Cães (Bresc).
Fonte: Manaus Alerta - Com informações da assessoria