A Marinha e o Corpo de Bombeiros vão investigar a causa do naufrágio de uma lancha na última quinta-feira (2) no Guaíba, em Porto Alegre. Duas pessoas morreram e três sobreviventes ficaram 12 horas à deriva e outros dois dias em uma praia, no aguardo do resgate. Na tarde de domingo (5), eles foram localizados, e passam bem.
As vítimas foram identificadas como Daniel Silvestre de Vargas, 50 anos, e a mulher, como Nair Guedes, 70 anos. Conforme os bombeiros, o homem era genro da mulher. Os corpos deles foram encontrados em uma operação conjunta do Grupo de Busca e Salvamento (GBS) e do Batalhão de Aviação da Brigada Militar.
Até o início da noite desta segunda-feira, a lancha ainda não havia sido encontrada. A Capitania dos Portos, que é um órgão da Marinha, abriu uma investigação. O que sabe é que houve uma mudança brusca no tempo, e a lancha teve um problema mecânico no motor.
O Corpo de Bombeiros conduzirá outra investigação. "Deveria ter comunicação na embarcação, todos os ocupantes terem coletes, sabemos que um não tinha. Deve ser observada a previsão do tempo, tem que ter sempre uma guarnição de apoio pra caso ocorra uma condição adversa com a embarcação", diz o comandante da Companhia Especial de Busca e Salvamento dos bombeiros, Rafael Venturella. "É uma série de erros que agora o inquérito vai apurar, inclusive eles devem ter a carteira de habilitação para poder navegar".
Na quinta-feira (2), Daniel Silvestre de Vargas, a mulher, a sogra e mais dois filhos saíram de lancha para um passeio no Guaíba. a família saiu da Praia do Lami, e Porto Alegre, para ir pescar próximo da ilhota da Ponta Escura, em Barra do Ribeiro, a cerca de 70 quilômetros.
No momento em que eles tentavam voltar para casa, o tempo piorou e fortes ondas se formaram no rio. Daniel acelerou a lancha para tentar sair do local. Mas o motor teve um problema mecânico e logo começou a entrar agua na embarcação.
Segundo os Bombeiros, o naufrágio ocorreu após um problema em um equipamento, responsável por retirar água do barco. Sem alternativa, a família se jogou na água, porém não havia salva-vidas para todos. Por isso, o homem se abraçou em uma bomba de combustível e a idosa, a pedaços da lancha.
Depois de ficarem 12 horas à deriva na água, uma mulher de 43 anos e seus dois filhos - uma jovem de 19 anos e um menino de 7 anos - conseguiram chegar à Praia da Serrinha, em Barra do Ribeiro. "Se agarraram uns aos outros e ficaram se aquecendo, e conseguiram, com todas as adversidades de tempo, sobreviver às baixas temperaturas", conta Venturella.
Falta de movimentação durante desaparecimento
Nas proximidades da residência da família, na Zona Sul de Porto Alegre, a falta de movimentação estranhou os vizinhos. "Desconfiamos no sábado porque os cachorros não paravam de latir. A gente achou que estavam roubando a casa", disse Vitor Vinícius Martins, vizinho da família.
O motorista Jeferson Leite ajudou os bombeiros e torcia para encontrar o amigo com vida. "Hoje de manhã foi encontrado ele, e logo após, a sogra dele", lamentou.
Fonte: G1RS