Após ver o trabalho dos bombeiros na televisão, Enzo Azevedo Israel, de 6 anos, decidiu que também queria integrar corporação e pediu para a mãe, a operadora de produção Jaqueline Azevedo Israel, de 35 anos, montar um currículo para deixar na instituição em Poços de Caldas, em Minas Gerais. Quando questionado pela mãe sobre o motivo da escolha profissional, Enzo afirmou que gostaria de ser bombeiro porque gosta de "mexer com água" e que quer "apagar fogo".

Jaqueline, que vive com a família em Andradas, contou ao UOL que o filho sempre falou que quer trabalhar por ver o pai, o motoboy e ceramista Paulo Ricardo Israel, de 33 anos, dedicar-se aos seus ofícios todos os dias. "Ele vê e fala que quer trabalhar com o pai. Só que teve um dia que estava passando um desses incêndios que estão acontecendo no Brasil na televisão e ele falou: 'Mãe, faz um currículo para eu levar lá [no Corpo de Bombeiros]?"

A mãe conta que, ao ter que levar um dos seus quatro filhos para Poços de Caldas para uma consulta médica, teve a ideia de levar Enzo para conhecer a corporação. Jaqueline ainda é mãe de mais outros três: um jovem de 17 anos, uma adolescente de 14 anos e outra criança de 9, o Miguel, com quem Enzo pode contar para montar o currículo.

"No dia que a gente tinha que ir para lá, decidimos montar o currículo. Eu estava me preparando para sair e o processo todo durou uns 20 minutos. Eu peguei uma folha de caderno e ele foi falando o porquê queria trabalhar como bombeiro. Eu fui escrevendo e o irmão [Miguel] ajudou ele com o desenho", relembra Jaqueline.

Na folha de caderno, a mãe deixou o número de contato e escreveu o que o filho ditava: "Sou Enzo e meu sonho é trabalhar no Corpo de Bombeiros, por isso estou deixando o meu currículo, caso vocês precisem. Eu quero trabalhar no Corpo de Bombeiros porque eu gosto muito de mexer com água e quero apagar fogo".

O documento ainda contou com uma foto 3x4 de Enzo, que foi tirada da carteira do pai e anexada no papel que seria deixado em Poços de Caldas. Na cidade de Andradas ainda não há uma sede dos Bombeiros. "Essa foto nem é atual, porque como ele vê os currículos que o irmão mais velho faz, que tem fotos, ele queria uma também", explica Jaqueline.

A família então embarcou na viagem para deixar o currículo com os bombeiros e ganhou uma grata surpresa ao chegar na instituição. "A gente chegou e eles já pegaram uma roupa de criança, levou ele para conhecer lá, com o Miguel, já fez um mini treinamento com ele. Todos foram muito atenciosos."

Jaqueline conta que Enzo conheceu a mangueira de apagar fogo para ver como funcionava e que chegou a entrar no caminhão dos bombeiros e tocar a sirene uma vez para ouvir o som. "Tentaram até colocar o cilindro nas costas dele, mas como era muito pesado não funcionou. Ainda assim, ele ficou se achando!", brinca a mãe.

Depois do dia conhecendo a corporação, Enzo retornou para casa, quieto, como relata Jaqueline. "Acho que ele ainda estava processando tudo o que aconteceu. Ele é bem tímido, ficou só prestando atenção. Mas quando chegou em casa queria contar para os avós. Agora ele está se achando ainda mais bombeiro, até porque um dos militares falou que ele estava apto para o trabalho", diz. "Quem sabe daqui uns anos ele vai estar trabalhando com isso."