Um menino de 9 anos, morador do Varjão – na periferia de Brasília – estava com dificuldades para acompanhar as aulas remotas, durante a pandemia do novo coronavírus. Lionel Messi Bueno é um dos estudantes das escolas públicas que, com poucos recursos tecnológicos, não conseguem tirar o melhor proveito do ensino a distância.

Na semana passada, em uma redação, ele escreveu que, quando crescer, quer ser bombeiro "para salvar as pessoas e dar uma realidade melhor para os pais". No entanto, não via muito sentido na escola.

O texto acabou chegando ao Corpo de Bombeiros do Distrito Federal e, nesta quarta-feira (28), Lionel Messi recebeu um apoio extra para retomar o gosto de aprender. O menino conheceu o sargento Cícero Costa, e entendeu que para realizar o sonho de se tornar oficial vai precisar se dedicar aos estudos.

"Foi incrível. Um monte de bombeiro falou comigo. Até uma bombeira", disse o menino.

Durante a conversa, o sargento Cícero contou para Messi que usa o estudo para tudo nas ocorrências do Corpo de Bombeiros. "Até pra apagar fogo é preciso calcular", explicou o militar.

A redação de Lionel Messi foi feita durante as aulas de reforço de uma ONG que atende crianças no Varjão (saiba mais abaixo). O texto chegou aos bombeiros por meio da professora Daneila Luiza de Almeida.

Ela é amiga dos voluntários do projeto e conhece o sargento Cícero Costa. Antes do encontro, alguns militares gravaram um vídeo que emocionou o estudante (veja aqui).

O menino assistiu ao vídeo durante uma aula na ONG. O pai dele, Bruno Bueno, contou que assim que voltou para casa, o filho já chegou mais interessado.

"Depois desse vídeo eu já vi ele com muito mais interesse. Chegou em casa, pediu pra ler a Bíblia, perguntou se tinha mais dever para fazer", apontou Bueno.

"Isso deu uma alavancada nesse lado dele, de querer estudar para realizar o sonho", disse o pai.

Dificuldade nos estudos

Assim como outras crianças, Lionel Messi tem dificuldades para assistir as aulas a distância pelo celular. No caso dele, junto ao ensino remoto, também teve uma mudança de cidade.

Em março, o menino saiu de Delmiro Gouveia, no estado de Alagoas, para morar com o pai, em Brasília. Ele continuou matriculado na escola antiga, já que as aulas estão sendo remotas.

No Varjão, o pai do estudante, que é chefe de cozinha, conseguiu apoio do projeto pedagógico Raízes, que oferece aulas de reforço na Casa de Cultura da região. Foi em uma das aulas que o menino escreveu a redação entregue ao sargento Cícero.

Bruno Bueno contou que não é fácil estudar com o filho. "As professoras mandam deveres por WhatsApp, eu imprimo e ajudo ele a fazer", disse.

O chefe de cozinha afirma que explica o que consegue. "A aula em si, uma vídeo aula, não existe na escolinha de lá [interior de Alagoas]".

O pai conta que foi um amigo que falou do reforço pedagógico oferecido pela ONG. "Graças a Deus eu consegui matriculá-lo", afirmou.