O atleta amador de nado e mergulho, Kleberson Lins, de 35 anos, foi dado como desaparecido após a esposa acionar o Corpo de Bombeiros porque ele demorou a chegar em casa. Os militares realizaram buscas no mar de Pajuçara, em Maceió, com bote e até helicóptero. Enquanto isso, o mergulhador acompanhava toda movimentação de dentro d'água, sem saber que era ele que estava sendo procurando. Nesta quinta-feira (18), as imagens que ele fez do mar, viralizaram (veja vídeo AQUI).
Tudo começou quando Kleberson saiu de casa na quarta-feira (17) para praticar um treino de mergulho na Pajuçara. A região é bastante conhecida pela barreira de corais, que forma piscinas naturais. Em alguns locais é possível chegar nas mais próximas apenas caminhando, durante a maré baixa. O mergulhador tinha acabado de comprar um equipamento e estava fazendo testes com ele.
"Combinei com minha esposa porque eu tenho uma rotina bem fechada. Ela conhece meu local de treino, onde estaciono meu carro, meus horários, tudo certinho, é uma rotina compartilhada. Combinei de que nessa quarta-feira, ela iria para o trabalho de carro de aplicativo porque eu iria ficar no mar até meio dia", contou Kleberson. Mas nada saiu como planejado.
"Só que não ficou clara a comunicação com a minha esposa", disse o mergulhador. E aí começou toda confusão. "No dia marcado, fui fazer meu treino. O primeiro elo quebrado dessa confusão toda foi não postar nada assim que eu cheguei. Assim que eu vou treinar eu posto pelo menos o nascer do sol, e como eu estava apressado para pegar a maré baixa, ansioso, não postei nada".
O mergulhador fez um vídeo explicando seu trajeto para chegar até o local conhecido como Piscina do Amor, um dos mais procurados pelos visitantes (veja abaixo). Para não gastar tanta energia nadando, ele deixou o carro no Marco dos Corais, ponto turístico da cidade, e foi caminhando pela água até chegar na piscina natural, onde fez os mergulhos.
A esposa o esperava, achando que ele iria buscá-la. "Para mim ficou certo de que eu treinaria até meio dia e minha esposa iria trabalhar de Uber. Mas para ela, ficou certo de que antes das 9h eu a buscaria para levar para o trabalho".
Ela esperou pelo retorno dele, mas Kleberson não chegou. "Como atrasei muito, ela se desesperou. "Ligou para um amigo que é bombeiro e começou a mobilização".
O chamado foi registrado às 10h. Os militares deram início às buscas no mar com uso de botes salva-vidas. Como a maré subiu, eles acionaram o helicóptero que fez buscas aéreas. Sem saber de nada, Kleberson continuava com seu treinamento.
"Estava eu lá no mar e começo a perceber o helicóptero sobrevoando. Eu achei estranho no começo e no final acabei concluindo que era um treinamento dos bombeiros, do Samu ou da Secretaria de Segurança Pública. Só tinha um cara no stand-up e uma canoa por lá. Não vi ninguém em situação de perigo", relembrou.
Enquanto as buscas seguiam, a esposa teve a ideia de ir até o carro dele, no Marco dos Corais, onde sabia que estava estacionado, para pegar o celular e através dele, tentar a localização da câmera que ele utiliza ou do relógio de mergulho. Com a chave reserva, ela levou o carro até a base dos bombeiros, onde os militares estavam concentrados na procura. Nesse intervalo, Kleberson saiu do mar e se preparou para voltar para casa.
"Terminei meu treino, tomei um banho. Quando me dirijo até meu veículo, tinha outro estacionado no lugar. Pensei, 'meu Deus, não é possível, roubaram meu carro'.
O mergulhador foi então até a base da Polícia Civil que fica em frente ao Marco dos Corais para registrar a ocorrência.
Por volta de meio dia, equipes de televisão local se posicionaram na base dos bombeiros que fica na orla, e fizeram entradas ao vivo informando sobre o desaparecimento de um mergulhador e o trabalho de buscas (veja vídeo ao final do texto). Enquanto registrava o "furto" do veículo, ele chegou a assistir uma das reportagens ao vivo.
Depois de informar sobre o "furto" do veículo, ele conseguiu um celular e ligou para a esposa. Ela tomou um susto quando atendeu a ligação e era ele do outro lado da linha.
"O pessoal já estava me dando como morto. A pessoa que desaparece no mar às 9h até meio dia, já era. As pessoas me dando como morto e eu registrando a ocorrência do veículo que a minha esposa foi buscar para prestar socorro a mim. Eu no telefone preocupado dizendo que tinham roubado o carro. Aí ela caiu em desespero, começou a chorar".