Garantir o melhor atendimento no menor tempo possível. Nesta terça-feira (3), o Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais (CBMMG) reforça esse compromisso com a chegada de 500 novos militares que iniciam nesta semana o Curso de Formação de Soldados 2020 (CFSd-2020). São novos profissionais que buscam suprir o déficit de aproximadamente 2.500 bombeiros no estado.

A cerimônia de recepção dos discentes começou logo pela manhã, na Igreja Batista da Lagoinha, no Bairro São Cristóvão, Região Nordeste de Belo Horizonte. Com janelas e portas abertas, respeitando o distanciamento social e uso obrigatório de máscara facial cobrindo nariz e boca, os recrutas foram recepcionados com a orquestra da corporação e logo depois assistiram a palestras de boas-vindas.

O início do curso estava previsto para ocorrer em maio, mas devido à pandemia do novo coronavírus, foi adiado até que conseguisse a autorização da Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG). A corporação garante que foi estabelecido um protocolo específico e um planejamento detalhado das atividades, que incluem desde rigorosas medidas sanitárias até a adaptação dos espaços físicos onde serão ministradas as instruções.

“Preparamos um protocolo bem detalhado das utilizações das salas, bem como cada uma das atividades em campo”, afirma o comandante-geral do CBMMG, coronel Edgard Estevo da Silva. Segundo ele, esse protocolo foi submetido à SES-MG que solicitou alterações e correções foram atendidas. “Existe um número máximo de militares em sala, estamos atentos ao distanciamento e cuidados com máscara, álcool em gel nas mãos e objetos. Existe uma série de regras para que a gente possa minimizar o risco de contágio de todos os envolvidos”, acrescenta.

Contra o déficit

A chegada dos novos soldados acontece em momento estratégico, em que a corporação busca expandir o alcance no estado, mas ao mesmo tempo enfrenta o déficit de pessoal
 
Atualmente, os bombeiros contam com unidades em 76 municípios e a intenção é que outras cidades cheguem ao alcance de militares. No mês passado, o Corpo de Bombeiros instalou uma sede provisória em Nova Lima – demanda antiga da população da Região Metropolitana de Belo Horizonte.
 
“É um esforço muito grande que estamos fazendo de recomposição desse efetivo”, afirma o comandante-geral. Segundo o bombeiro, a corporação teve a saída de aproximadamente 600 militares nos últimos três anos. Isso significa que as 500 novidades ainda podem não ser suficientes para preencher o quadro vazio. “Mais alguns que poderão entrar caso assim a Cofin (Comitê de Orçamento e Finanças) entenda. Seriam os excedentes. Isso é fundamental para que possamos fazer a recomposição”, disse o coronel Estevo.
 
Durante a série de reportagens “Na linha do fogo”, que exibiu as dificuldades dos combatentes militares e brigadistas, o Estado de Minas mostrou a luta dos concursados excedentes que lutam por nomeação e ainda tentam se juntar à corporação.
 
“Todo o segmento da segurança pública tem mostrado a situação da necessidade de recomposição de talentos humanos. Mas existe também uma necessidade de reengenharia para que possamos utilizar os talentos humanos da forma efetiva possível, mantendo o atendimento cada dia melhor”, conclui o comandante-geral.
 

Curso de formação

Nesta manhã, a corporação realizou a recepção dos novos discentes que tiveram que passar por um rígido processo seletivo. Depois de aprovados em concurso público, com fases que incluem provas escritas, físicas e exames médicos, psicológicos e toxicológicos, ainda vão passar pelo curso de formação que promete ser rigoroso, com duração aproximada de nove meses, em regime integral.
 
O curso envolve atividades teóricas, práticas e simulações para estarem aptos a desenvolver as funções inerentes aos bombeiros militares.
 
“Existe um compromisso de continuar fazendo um atendimento cada dia mais efetivo para a população. Esses talentos humanos que entram hoje, a partir de agosto estarão dispostos para toda sociedade”, ressaltou o coronel Estevo, que discursou aos novos soldados para que eles possam estar motivados por estarem ingressando na corporação tida como de maior credibilidade pela sociedade.
 

Sonho que se realiza

Seguir carreira militar é um sonho de muitos, sobretudo no Corpo de Bombeiros, que tem como lema 'salvar'. Leandro Cruz, de 30 anos, é um dos exemplos de quem, com determinação, conseguiu ser selecionado entre milhares que prestam o concurso. Depois de largar o emprego para se dedicar aos estudos e preparo físico, no seu primeiro dia vestindo a camisa vermelha com seu nome gravado, ele diz: “Sou bombeiro militar”. E o orgulho transparece pelos olhos.“Estou me sentindo muito feliz, realizado por estar fazendo parte dessa nova geração de bombeiros militares”, disse o jovem carregado de ansiedade e entusiasmo. “Sinto que realizo um sonho meu, da minha família, dos meus amigos que vibraram comigo. Não só eu estou aqui realizando um sonho, mas todas as pessoas que estiveram ao meu lado”, lembra.
A técnica de enfermagem Anna Clara Borges e Barros, de 25, está certa de seu propósito de vida: servir pessoas. “Desde criança eu sentia que tinha que fazer isso. Trabalhando em hospital eu tive oportunidade de conhecer mais de perto”, conta a nova bombeira que vai trabalhar na área da saúde. “Espero aprender muito e colocar em prática o que eu já sei e melhorar. Estou um pouco ansiosa, mas com muita coragem”, vibra a soldado.
 

Contra o desemprego

Os novos guerreiros e guerreiras do fogo e da lama que chegam para salvar vidas e bens alheios também tentam mudar o cenário de desemprego no Brasil, que chegou ao seu pior nível dos últimos nove anos. O país convive com 13,8 milhões de pessoas procurando trabalho, representadas numa taxa recorde de desocupação de 14,4%.
 
“Estava desempregado e vi no concurso do bombeiro uma oportunidade. Nunca passou pela minha cabeça ser militar, mas a credibilidade da corporação me chamou atenção, e, quando surgiu oportunidade em meio à crise, eu não pensei duas vezes”, disse Rafael Souto Silva, de 29, que trabalhava antes como auxiliar administrativo.

Ele conta que está atento às medidas sanitárias que o momento exige e se diz preparado para o curso. “A gente está muito seguro porque todos os protocolos de segurança estão sendo tomados. Agora eu espero situações de grande exigência emocional, psicológica e física”, comenta.