Uma das crianças que dormia na casa atingida por incêndio na comunidade Cabo Rocha, no bairro Azenha, morreu após mais de um dia internada no Hospital de Pronto-Socorro, em Porto Alegre.
A causa do falecimento do menino de cinco anos, confirmado às 9h30min de segunda-feira (3), foi uma infecção conhecida como "septicemia", possivelmente ocasionada pela inalação de fumaça.
O sinistro ocorreu no sábado (1) à tarde, enquanto três crianças pequenas, todas do sexo masculino, dormiam em casa. Além do mais velho, que acabou falecendo, gêmeos de três anos também foram encaminhados ao HPS, um deles com queimaduras no rosto. Eles seguem sob observação médica.
A 2ª Delegacia de Polícia instaurou inquérito nesta terça-feira (4) para apurar responsabilidades do avô das crianças, Paulo Ismael Silva da Cruz, e do pai, Ismael Medeiros da Cruz.
— Primeiro vamos ver se o incêndio foi criminoso ou acidental. Depois, vamos apurar a conduta dos parentes, do pai e do avô, para ver se houve negligência e quiçá homicídio culposo. É possível que haja negligência se as crianças foram realmente deixadas sozinhas em casa — avaliou o delegado César Carrion.
Ele aguarda o resultado da análise do Instituto Geral de Perícias (IGP), que poderá ajudar a desvendar a origem das chamas, e nesta quarta-feira (5) tomará depoimento do avô dos meninos. O pai também será ouvido.
No dia da ocorrência, vizinhos relataram ter percebido o fogo, partindo para uma ação de resgate no fundo da casa, onde ficava um quarto. Durante a ação do Corpo de Bombeiros para combater as chamas, as informações que seguiram, contadas por testemunhas, eram de que nenhum adulto estava com eles.
No registro de ocorrência, o avô informou que o primeiro piso da casa foi cedido como moradia ao seu filho, que não estava em casa naquela tarde, e aos três netos. Ele residia no segundo andar, totalmente destruído pelo sinistro.
Paulo relatou que estava na frente da residência fazendo churrasco com um amigo. O fogo, informou, teria tomado forma muito rapidamente. A suspeita é de que as labaredas tenham iniciado na parte inferior, se alastrando ao segundo andar pelo piso de madeira.
Quando moradores da região ingressaram para prestar socorro, as crianças já tinham sofrido consequências, sendo encaminhadas ao HPS.
A causa do incêndio ainda é desconhecida. A comunidade Cabo Rocha é humilde e o acesso a ela fica na Rua Professor Freitas e Castro. Depois de ultrapassar um portão, abre-se um corredor que vai se estreitando até o ponto de não comportar mais a passagem de um carro. De difícil acesso, é um aglomerado de casas construídos às margens de um sinuoso corredor.
Fonte: Carlos Rollsing / ZH