Sem certificação contra incêndio e pânico, o Corpo de Bombeiros Militar de Mato Grosso do Sul informou que a Santa Casa de Campo Grande tem até 52 dias para fazer adequações em seu sistema elétrico. No dia 27 de novembro de 2023, foi feito um pedido ao Corpo de Bombeiros para que, dentro de 90 dias, o hospital apresentasse as resoluções necessárias para obter o documento, entre elas, as melhorias no sistema elétrico. Nesta semana, a unidade médica ficou sem energia. 

Além do sistema elétrico, o Corpo de Bombeiros aponta ainda que são necessárias adequações no sistema de hidrantes e nos elevadores de emergência, entre outros pontos a serem solucionados pela Santa Casa para que seja concedido o certificado contra incêndio e pânico, que é emitido pelo Corpo de Bombeiros e obrigatório para comércios e prédios públicos, como forma de implantar medidas que evitem tragédias. 

De acordo com a assessoria do Corpo de Bombeiros, a situação da Santa Casa de Campo Grande é muito específica, “pois o hospital não pode interromper o funcionamento e o atendimento a população. No momento, a Santa Casa está em fase de adequação”, pontua. 

A falta de certificado contra incêndio e pânico não é uma questão nova: a instituição chegou a ter um documento provisório, por seis meses, entre outubro de 2019 e abril de 2020, mas não conseguiu fazer todas as adaptações solicitadas pelos bombeiros, o que a impediu de conseguir a certificação definitiva. 
A situação da falta do certificado é acompanhada pelo Ministério Público do Estado de Mato Grosso do Sul (MPMS), que já cobrou da unidade médica a regularização e a criação de um projeto contra incêndio. 

APAGÕES 

O sistema elétrico da Santa Casa de Campo Grande tem estado instável nas últimas semanas. Em cerca menos de 20 dias, houve três apagões no hospital, dois deles tendo ocorrido nesta terça-feira. O hospital relatou que o problema ocorreu em razão de uma pane elétrica, por conta de uma sobrecarga no cabo de transmissão de energia. 

“Toda fiação tem um tempo de vida útil e, infelizmente, o da que alimenta esta parte do prédio se esgotou e ocasionou o defeito”, relatou a Santa Casa, por meio de nota enviada ao Correio do Estado. 

O hospital pontuou ainda que o cabo de transmissão de energia em que ocorreu a falha foi trocado por um novo e em até 30 dias serão solucionados os problemas elétricos na instituição. 

Também foi relatado que o cabeamento subterrâneo foi parcialmente substituído na terça-feira e será integralmente trocado até fevereiro. 

Os problemas de falta de luz não afetam diretamente os pacientes porque, segundo o hospital, os geradores são acionados imediatamente, principalmente nos setores prioritários, como centros cirúrgicos e unidades de terapia intensiva (UTIs). Mesmo assim, as visitas foram suspensas nesta terça-feira. 

“A Santa Casa esclarece que nenhum paciente foi prejudicado pela falta de energia, pois os geradores de emergência entraram em funcionamento logo após o ocorrido, garantindo a segurança e a continuidade dos atendimentos. Por fim, a diretoria corporativa do hospital pede desculpas pelos transtornos causados e agradece a compreensão de todos”, acrescentou a instituição. 

O hospital também agradeceu, em outra nota, o Grupo Energisa e a Cogera Energia, que solucionaram rapidamente o problema de falta de energia. 

“Informamos que o hospital está em pleno funcionamento e reafirmamos que não houve nenhum prejuízo à assistência aos pacientes, posto que o abastecimento de energia elétrica foi realizado com geradores da instituição”, pontuou em nova nota, publicada ontem. 

A diretora do hospital, Alir Terra, disse ao Correio do Estado que as cargas de energia de locais vizinhos da Santa Casa também influenciaram na sobrecarga da rede elétrica, em função de “emendas” antigas feitas em reparos durante outra administração.

“Com uma carga muito forte que teve de energia do lado de fora, rompeu um cabo inteiro. Foi aberto esse cabo interno e descobriu-se que tinha umas emendas. A gente não sabia, porque a construção não foi feita pela gente”, esclareceu a diretora. 

O primeiro incidente que afetou o abastecimento de energia elétrica do hospital ocorreu no dia 15 de dezembro de 2023. Na ocasião, um curto-circuito provocou um princípio de incêndio e deixou a Santa Casa sem energia. O fogo foi contido pelos funcionários do local. 

CERTIFICADO 

Além da Santa Casa, outros hospitais de Campo Grande não têm o certificado contra incêndio e pânico. 
O Hospital Universitário Maria Aparecida Pedrossian (Humap) informou que atua com alvará provisório, em razão da “infinidade” de exigências que precisam ser atendidas para se obter o certificado definitivo, mas que tem outras alternativas para que a instituição funcione. 

“Temos brigada de incêndio, fizemos uma série de adequações nos últimos anos, pintura, sinalização e saídas de emergência”, relata a assessoria do Humap. 

A Santa Casa e o Hospital Regional não responderam a respeito do andamento do certificado de incêndio e pânico até o fechamento desta edição, mas até o fim ano passado não tinham o documento. (Colaborou Naiara Camargo)