O Corpo de Bombeiros Militar do Mato Grosso do Sul (CBMMS) confirmou que prepara um plano de ação para a temporada de incêndios florestais no Estado. Esse trabalho específico já exigiu o empenho de equipes em três grandes ocorrências e as medidas também envolvem ações antes do período mais crítico de estiagem, caracterizado entre agosto e setembro.
Principalmente no Pantanal, o risco de grandes incêndios existe porque o bioma passa por uma seca longa, que agora em 2022 está completando 4 anos sem chuvas que permitem alagar diversas regiões, principalmente nos municípios de Miranda e Aquidauana.
De acordo com a corporação, a atuação preventiva passou a ser obrigatória e tem sido encarada com empenho dobrado depois dos incêndios de 2020, que foram considerados os mais graves em décadas.
O chefe do Centro de Proteção Ambiental do CBMMS, Capitão Bombeiro Militar Carlos Antônio Saldanha da Costa, ressaltou que uma série de medidas de aparelhamento estão em andamento.
“Trabalhamos com o reaparelhamento das viaturas, aquisição de EPIs, treinamentos para os militares e treinamentos para a população. Além disso, participamos de campanhas de prevenção em parceria com outros órgãos. Em relação a esse ano, já tivemos três grandes operações de incêndios florestais, sendo uma delas no começo de janeiro, no Parque do Ivinhema. O cenário meteorológico ainda não é bom. Portanto, nós nos preparamos para poder prevenir e mitigar os danos caso venham a acontecer”, explicou.
O bombeiro militar ainda reconheceu que existe um trabalho de avaliação técnica para identificar o que se configura em incêndio e o que é foco de calor. Os dois critérios geram alertas diferentes.
Antes do registro de período mais seco no Estado, os Bombeiros precisaram atuar em grandes incêndios florestais registrados em janeiro, no Parque Estadual das Ilhas e Várzeas do Rio Ivinhema; em março/abril, na região do Passo do Lontra (município de Corumbá); e no início de julho, no Parque Estadual do Pantanal do Rio Negro.
“Tudo isso faz com que os focos de calor deem um salto, pois em um incêndio são registrados vários focos de calor na mesma localidade. Há que ressaltar que: focos de calor são temperaturas altas detectadas pelos satélites em determinada área (pixel do satélite). Portanto, considerando todas essas grandes operações no primeiro semestre, podemos dizer que ainda estamos, até o momento, melhor que o ano de 2021”, pontuou o chefe do Centro de Proteção Ambiental do CBMMS.
A outra etapa é a fase resposta: de julho a dezembro. Além disso, há coordenação de trabalho com outras instituições e com proprietários rurais e população.
Queimas controladas
Entre a medida prevista neste ano para reduzir os incêndios florestais está o uso do fogo de forma controlada em áreas rurais. Esse trabalho está previsto no Plano Estadual de Manejo Integrado do Fogo (PEMIF).
As queimas controladas (prática agropastoril autorizada) sempre ocorreram no Estado e o que está diferente esse ano é que o Estado, após a suspensão das autorizações de queima controlada, publicou o Comunicado CICOE n.01/22, no dia 15 de junho de 2022, na página 4 do Diário Oficial do Estado, em edição extra.
Esse comunicado autoriza a prática de prevenção contra incêndio florestais com a utilização de fogo desde que o proprietário rural cumpra alguns requisitos junto ao Corpo de Bombeiros Militar.
Com a queima controlada de material que poderia servir de combustão, há uma redução de combustível que serviria para alimentar incêndios florestais depois de agosto, época mais seca.
“Com essa ação, o proprietário atua na prevenção contra incêndios florestais e assim ajuda o CBMMS na redução dos números de incêndios”, reconheceu Capitão Saldanha.
Novas brigadas particulares
Neste ano, houve a formação de brigadas particulares pelos Bombeiros, a partir de uma parceria com o Sebrae/MS. Pessoas das próprias comunidades ribeirinhas e trabalhadores de propriedades rurais receberam treinamento para realizar a primeira resposta aos incêndios florestais e até mesmo extingui-los antes da chegada do Corpo de Bombeiros Militar.
No entanto, devido ao treinamento recebido, muitas delas estão realizando as medidas de prevenção (aceiros, manutenção de equipamentos, confecção de abafadores) e com isso faz com que o local onde elas estejam localizadas tenham menos probabilidade de serem atingidos por incêndios florestais”, identificou o chefe do Centro de Proteção Ambiental da corporação.