A elevação do nível do Guaíba tem deixado o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) em alerta. A preocupação envolve o trecho da nova ponte que foi construído mais baixo na região do Canal Furado Grande, na Ilha Grande dos Marinheiros, em Porto Alegre.

Caso as águas sigam subindo na região, e chegue nas vigas da estrutura, a interdição da travessia será avaliada. Nas condições atuais, para que o bloqueio ocorra ainda seria necessário que o Jacuí subisse aproximadamente 1 metro. 

A Polícia Rodoviária Federal (PRF) também monitora a situação. Se a interdição ocorrer, o tráfego será todo desviado para antiga ponte até que a água escoe em direação ao Guaíba. 

Erro na construção

Em 2022, uma auditoria da Controladoria-Geral da União - órgão de controle interno do governo federal - apontou erros que foram identificados na obra da nova ponte, dentre eles, o trecho construído mais baixo na região do Canal Furado Grande. Em março de 2019, a Ecoplan Engenharia - contratada para fazer a supervisão da construção - comunicou o Dnit, avisando que o trecho fora construído 44 cm mais baixo do que havia sido exigido no edital. 

Após a polêmica, o Dnit se justificou apresentando estudo da Fundação de Apoio da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Faurgs), do Instituto de Pesquisas Hidráulica (IPH) e da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Esse material destacava que a cota de cheia analisada para a nova ponte era a mesma de construções do Cais do Porto Alegre, Muro da Mauá e obras da Região Metropolitana. 

Porém, a CGU alerta que esse levantamento posterior se ateve a analisar as cheias ocorridas na região no passado. Não foi emitido parecer sobre o uso da estrutura com a segurança ou se era adequável ao trecho da ponte objeto de debate.

Questionado sobre os riscos à estrutura, o Dnit respondeu para a CGU que não existia riscos. Porém, o órgão de controle alerta que "o fato de não existir nenhum risco identificado constitui indicativo da possibilidade de uma inadequada gestão dos riscos por parte da Autarquia, o qual redunda em aumento da exposição aos riscos provavelmente existentes, e não identificados".