Leon Whitley foi um dos muitos bombeiros destacados para o incêndio na torre Grenfell, em Londres, na madrugada de quarta-feira. Segundo as autoridades, 30 pessoas morreram e 70 estão desaparecidas. Há ainda outros 70 feridos, dos quais 19 continuam internados, 10 destes com prognóstico reservado.
Um ambiente "infernal", com gritos desesperados dos residentes entre labaredas e fumo espesso. "Foi uma loucura. Ouvia gritos de todo o lado. Acho que nunca os vou esquecer", disse, em declarações ao jornal britânico "The Sun".
"Ouvíamos crianças a gritar. Lembro-me da voz de uma criança em particular, que se destacava das outras, que gritava mais alto. Pediam ajuda", disse Leon, de 34 anos e pai de um menino.
"Os gritos eram horríveis, porque sabíamos que havia muita gente a precisar de ajuda e não poderíamos chegar até eles", recorda Leon, que subiu até ao 15.º andar da torre de fogo.
À impotência dos bombeiros, que entre labaredas e fumo procuravam ajudar, acresce a negra ironia da esperança que terá chegado a muitas das vítimas, quando viam as luzes dos bombeiros no exterior.
"Provavelmente tiveram algum tipo de esperança quando viram os bombeiros lá em baixo, achando que os podíamos ajudar", desabafou Leon, confessando que avançou pelo prédio com medo.
"Normalmente vou para os incêndios com cautela, mas sem medo. Esta foi a primeira vez que tive medo", disse Leon, que tinha 18 anos quando viu as Torres Gémeas desabarem em chamas, após um ataque terrorista com aviões.
"Essas coisas passaram pela minha cabeça quando estava lá", na torre de Grenfell, "uma reminiscência" do que se passou em Nova Iorque, em setembro de 2001.
"Todos sabemos como esses edifícios caíram", recordou. "Pensávamos que podíamos não escapar desta", não sair vivos da torre de Grenfell.
Fonte: Jornal de Notícias