Um trabalhador morreu e outro ficou ferido na queda de um andaime na manhã desta quinta-feira em Porto Alegre. O acidente de trabalho ocorreu em um prédio de escritórios comerciais, de 15 andares, na avenida Borges de Medeiros, quase no cruzamento com a avenida Ipiranga, no bairro Praia de Belas. O equipamento, com os dois operários que realizavam um serviço de manutenção das janelas do edifício, despencou junto com os contrapesos na altura do décimo primeiro andar e atingiu um mezanino no primeiro pavimento.
Partes do equipamento atingiram ainda a entrada da garagem do condomínio e também um posto de combustíveis, existente ao lado, onde uma moto Factor 125 foi esmagada. João Pedro Mores dos Santos, 21 anos, teve óbito na hora. Já Gildo Cesar Soares da Silva, 26 anos, ficou ferido gravemente com fratura exposta. Uma operação de socorro às vítimas foi imediatamente deflagrada. Houve a mobilização para o local da Brigada Militar, Corpo de Bombeiros Militar, Samu, EPTC, Defesa Civil, Polícia Civil, Departamento de Criminalística, Departamento Médico Legal e Ministério do Trabalho e Emprego. O Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção Civil de Porto Alegre esteve presente.
Toda a área foi isolada no prédio e no posto de combustível, sendo que o trecho da avenida Borges de Medeiros ficou parcialmente bloqueado durante o atendimento da ocorrência. O corpo do trabalhador morto permaneceu no local da queda, enquanto o ferido foi encaminhado para o Hospital de Pronto Socorro. O capitão Vinicius Lang, do 1º Batalhão de Bombeiros Militar, ressaltou que as causas da queda do andaime serão esclarecidas somente com o trabalho pericial. “Não sabemos se houve alguma falha de segurança”, afirmou. Na queda do equipamento, constatou, foi “arrancado tudo o que tinha no caminho”.
No posto de combustível, a frentista Michelle Margutti, relatou o momento da queda do andaime. “Começou com um estrondo e aí vi caindo o andaime, com vidro e ferro. Foi muito rápido”, recordou. O agente da Defesa Civil, Jorge Brito, explicou que as primeiras ações no local foram o isolamento do local onde caíram os destroços e o processo de retirada do que sobrou do equipamento posterior, à realização da perícia. “Não houve necessidade de interditar o prédio pois foi externo”, avaliou, De acordo com ele, a Defesa Civil repassará o relatório à Secretaria Municipal de Urbanismo que “solicitará laudos e outras providências cabíveis”, assinalou.
Marcelo Naegele, do Ministério do Trabalho e Emprego, esclareceu que, em casos como o ocorrido ontem, as atividades da empresa responsável pelo serviço, cuja situação é apurada, ficam interditadas temporariamente até o final da investigação sobre as causas do acidente. “Um relatório é encaminhado depois aos órgãos, como Ministério Público, Justiça do Trabalho, Advocacia Geral da União e INSS, além do sindicato e da família das vítimas”. Segundo ele, algumas informações dos bombeiros, policiais e peritos podem ser solicitadas. “O principal objetivo do nosso trabalho é prevenção, mas é claro que pode vir a responsabilização por outros órgãos”.
O presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção Civil de Porto Alegre, Gelson Santana, protestou contra a falta de segurança do trabalhador. “Essa é o 36ª acidente de trabalho fatal em Porto Alegre nos últimos sete anos. A vida não vale nada”. O sindicalista reclamou da falta de proteção ao trabalhador no país. Além de prestar apoio e solidariedade às famílias das vítimas, a entidade pretende verificar as condições oferecidas pela empresa aos operários.
Por sua vez, o dono da moto, o analista de sistema Rafael Farias, calculou o prejuízo entre R$ 6 mil e R$ 7 mil. “Não tinha seguro”, observou. Ele disse que sempre deixava o veículo no posto de combustíveis e nunca imaginou que algo parecido aconteceria. “Tive perda total”, resumiu.
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Fonte: Correio do Povo / Foto: Alina Souza