O bombeiro Gil Sormany Beserra Silva tinha 40 anos quando ficou cego em virtude de um tumor na cabeça. Foi em junho de 2009. Mesmo sem a visão dos dois olhos, Sormany segue cumprindo o juramento feito em 26 de julho de 1990. É o único bombeiro cego do País na ativa. Nesta terça-feira, 20 de outubro, é comemorado o aniversário de 133 anos do Corpo de Bombeiros.
O sargento, hoje com 51 anos, segue como palestrante do Corpo de Bombeiros e telefonista. Assim, ainda salva vidas. Por duas vezes, com uma simples ligação telefônica, ajudou mães desesperadas a solucionarem os engasgos dos filhos. Em palestras, costuma contar sua experiência e, assim, inspira outras pessoas a seguirem em frente, mesmo com obstáculos aparentemente intransponíveis. “Isso não tem preço. Inspiro confiança nas pessoas. Elas pensam: o cara sem a visão não parou. Por que eu vou parar diante dos meus problemas?”.
A história do bombeiro inspirou a criação da lei nº 15.093, de 19 de setembro de 2013, e do decreto nº 40.193, de 11 de dezembro do mesmo ano. Com a legislação, bombeiros ou policiais civis e militares podem ser mantidos na ativa mesmo diante de acidentes que os tornem pessoas com deficiência, caso esse seja o desejo do servidor. Sormany foi o primeiro militar beneficiado pela lei. Antes disso, as pessoas eram reformadas automaticamente.
Interiorização
No aniversário da corporação, o coronel Rogério Coutinho, comandante do Corpo de Bombeiros, diz que a interiorização dos serviços é um dos principais avanços nos últimos anos. Cidades consideradas de grande importância comercial e industrial já possuem Grupamentos de Bombeiros, como Serra Talhada, Arcoverde, Carpina, Surubim, Petrolândia, Araripina e Palmares. Por conta da pandemia, não estão previstas comemorações.
Além dos grupamentos, a corporação também avançou com a presença no interior com a implantação das Seções de Bombeiros. As seções são subordinadas aos grupamentos, responsáveis por uma cobertura de área maior. Cidades como Macaparana, São José do Egito, Bonito, Toritama, Gravatá, São José do Belmonte, Ouricuri, Goiana, Pesqueira, Afogados da Ingazeira e Bom Conselho já possuem seções. “A instalação dessas novas unidades dá mais tranquilidade aos moradores desses municípios e aos da região do entorno", disse Coutinho.
A instalação de grupamentos ou seções segue requisitos técnicos, como tamanho da população, desenvolvimento da região e condição de risco, como presença de indústria e estrutura que aumentem o risco e justifiquem a presença mais próxima dos bombeiros. A corporação cobre todos os municípios do Estado.
Pernambuco é pioneiro nas atividades de prevenção e combate a incêndios. Em 1636, ainda no período do domínio holandês, foi criado o Brendmeesters, o primeiro serviço de combate a incêndio nas Américas. O Corpo de Bombeiros Militar de Pernambuco foi instituído no dia 20 de outubro de 1887. Por muito tempo, o CBMPE fez parte da Polícia Militar de Pernambuco. Foi emancipado em 22 de julho de 1994, em ato assinado pelo então governador do Estado, Miguel Arraes de Alencar.
Os bombeiros militares realizam atividades operacionais, preventivas e educativas. Combatem incêndios, fazem resgate de vítimas dos mais diversos tipos de acidentes terrestres e aquáticos e atendimento pré-hospitalar. Também previnem acidentes, com vistorias e fiscalização em imóveis industriais, comerciais e residenciais.