O primeiro cão treinado para atuar como guarda-vidas no Brasil "bateu ponto" pela primeira vez nas areias de Itajaí nesta segunda-feira. A estreia de Ice foi na praia de Cabeçudas, com direito a uniforme de identificação e o nome anotado na escala de serviço do batalhão.
Atento, o labrador de 7 anos de idade conteve a vontade de entrar no mar até receber a autorização do treinador para um refresco. Praia, a partir de agora, é sinônimo de trabalho sério — mesmo que para Ice tudo pareça uma grande brincadeira.
O uso de cães para auxiliar no resgate de vítimas de afogamento é inédito no país. Ice foi o primeiro a terminar a formação porque, além de ter um currículo repleto de certificações internacionais em busca e salvamento, foi criado na praia.
Desde filhote, o treinador, sargento Evandro Amorim, do 7º Batalhão do Corpo de Bombeiros em Itajaí, o levava para o mar para os treinos físicos. Assim, ele aprendeu rápido a lidar com as ondas e a água salgada.
A função de Ice na praia é auxiliar em afogamentos com mais de uma vítima. Enquanto o guarda-vidas resgata uma pessoa, o cão leva o life belt, um flutuador, para outra. Essa manobra é feita a uma distância segura para que a vítima não tente se apoiar no labrador. Com a ajuda do cão, há tempo para que os guarda-vidas levem uma vítima até a areia e voltem para buscar as demais.
O projeto é piloto, inspirado em cães guarda-vidas que atuam na Itália. O treinamento desenvolvido pelo sargento Amorim levou 10 meses. Além de Ice, os cães Malu e Chuck, de Xanxerê, e Hunter, de Curitibanos, vão atuar como guarda-vidas no Estado. Mas eles ainda estão em fase de treinos e despreparados para esta temporada.
— Será avaliada a viabilidade do trabalho na praia. Funciona muito bem na Europa. Vamos ver como será aqui — diz Amorim.
O sargento, que criou Ice desde pequenininho, se aposentou na semana passada. Mas fez questão de acompanhar o primeiro dia de trabalho do cão, agora na companhia de seu filho, o soldado Thiago Amorim.
Como Thiago também convive com Ice desde que ele era filhote, a transição de pai para filho foi natural. O soldado participou de toda a preparação do labrador para atuar na praia. Assim, os dois criaram uma ligação importante para que ele desempenhe bem o trabalho.
Cuidado extra
Colocar Ice na escala demandou alguns cuidados para os bombeiros. O primeiro deles foi garantir que ele trabalhe em um horário em que o sol é menos impiedoso, das 15h às 20h. Também é preciso reforçar a hidratação e garantir que o bichinho tenha espaço à sombra, a uma temperatura confortável.
Basta um comando, porém, para que Ice esqueça que existe sombra e água fresca e corra para o trabalho.
Feliz na nova função, Ice só deve ter problemas para arrumar a agenda. O cão guarda-vidas também atua em buscas em todo o país (participou das equipes de resgate na tragédia de Mariana-MG, por exemplo), visita semanalmente pacientes do Hospital Marieta Konder Bornhausen e aparece volta e meia para dar uma força no Projeto Golfinho, que os bombeiros fazem nas praias. Trabalhos tão importantes quanto a lista de certificações de Ice, que é considerado um dos melhores cães de busca da América Latina.
Requisitos para ser um cão guarda-vidas
Labradores são a raça ideal para o trabalho. A cauda forte funciona como um leme e as patinhas possuem uma membrana que as torna parecidas com nadadeiras. Além disso, a pelagem é impermeável e evita que o cão sinta frio ao se molhar
Para o cão, o salvamento é uma grande brincadeira. O animal recebe petiscos e carinho em troca do trabalho
Cães dos bombeiros vêm de linhagens de cães de trabalho. Ice, por exemplo, é da quarta geração de cachorros nascidos na corporação em Santa Catarina. Filhotes dele vivem em vários Estados do país, trabalhando em busca e resgate
Para que o trabalho funcione, cão e bombeiro precisam ter sintonia: a dupla trabalha em parceria e, com o tempo, um aprende a ler os sinais do outro
No caso de produtos com pequenos defeitos - roupas com manchas, descosturadas ou eletrodomésticos com partes amassadas, ou ainda, móveis de mostruário -,você deve exigir que a loja coloque na nota fiscal, os problemas apresentados, com detalhes.
Fonte: ZH / Dagmara Spautz
Fotos: Diorgenes Pandini / Agencia RBS