Cinquenta e sete pessoas tiveram de deixar suas casas entre a Região das Ilhas e Eldorado do Sul por conta dos níveis do Guaíba e do Rio Jacuí, e foram encaminhadas para abrigos temporários.
Em Eldorado, na Região Metropolitana, 42 pessoas tiveram de sair de suas residências. Todos os moradores — inclusive uma família de nove pessoas — estão abrigados no Centro Esportivo Luis Antônio Fontoura dos Santos, conhecido como Ginásio do Loteamento. Os pontos mais atingidos no município são o bairro Cidade Verde e a Vila da Paz. Já no bairro Picada, na divisa com Porto Alegre, moradores viram o nível de água atingir as residências pela primeira vez em oito anos.
No bairro Cidade Verde, são pelo menos cinco ruas com alagamentos. Maríndia Machado Braga, 64 anos, foi uma das moradoras que teve de ser retirada pela Defesa Civil municipal do pátio da residência em que vive. Essa é a terceira vez que a aposentada tem uma de suas casas atingidas pela água.
— Eu não tenho como botar nada dentro de casa. Eu moro sozinha, só eu e meu cachorrinho, e estou doente — conta a moradora, que está na expectativa de que as filhas a encontrem no Ginásio do Loteamento.
Segundo Maríndia, a família não sabe que ela está abrigada no local:
— Eu fui resgatada e tive que vir para cá. Não tenho telefone e sou analfabeta. Se quiserem me procurar, estou aqui no ginásio. Estou sendo bem tratada, só quero que saibam onde é que estou — diz a aposentada.
Na Região das Ilhas, em Porto Alegre, o último levantamento da Fundação de Assistência Social e Cidadania (Fasc) apontou que 15 pessoas estavam em abrigos temporários, quatro adultos e 11 crianças.
Ruas como a Bananal, Martinho Poeta e Nossa Senhora da Boa Viagem estão com transbordamento e têm pessoas ilhadas. Fernanda da Silva Farias, 40 anos, não pôde sair de casa já que a mãe é acamada e não tem condições de se deslocar.
— Não é só tirar ela. Tem cadeira de rodas, colchão, fralda, comida, roupa, é tudo complicado para tirar ela. E o transtorno de atravessar em um barco e botar ela no carro torna praticamente inviável fazer isso, ainda mais nesse tempo, hora chove, hora faz calor, enfim, fica bem complicado — lamenta a moradora.
Durante a elevação do nível da água, Fernanda perdeu um guarda-roupas.
— Subiu na madrugada e não teve como tirar — afirma Fernanda.
Conforme a Defesa Civil, a última medição do Guaíba apontou que o nível dá água estava em 2m63cm, na região do Cais Mauá, diminuindo cinco centímetros no comparativo com o início do dia.
Guaíba
Em Guaíba, pelo menos quatro bairros têm pontos de alagamento. Ipê e Primavera são os mais afetados. Segundo a Defesa Civil municipal, até o momento, não há desabrigados ou desalojados na cidade.
De acordo com o coordenador do órgão, Anderson Gawlinski, a previsão de chuva e o vento sul preocupam as autoridades, em razão da estabilidade do nível de água na região. A população que reside em regiões com risco de alagamento foi orientada a se deslocare para casas de familiares.
Alvorada
Em Alvorada, conforme a última atualização, 192 pessoas estão na casa de familiares e 12 estão abrigadas no ginásio municipal.
Foto: Jean Costa