O menino que voltou a estudar depois de assistir ao filme “Pantera Negra” ainda se lembra de quando os dois irmãos menores estavam presos no barraco em que viviam e que estava em chamas, na favela Parque das Missões, Duque de Caxias. Renato Siqueira, de 15 anos, tinha só 11, mas não se esquece dos bombeiros enfrentando o fogo. Passou, desde então, a sonhar em ser um deles. Na última semana, o encanto aumentou quando ele conheceu o QG da corporação.
— Aqui é muito grande. É tudo muito lindo — repetia o rapaz, com um sorriso que não cabia no rosto.
O EXTRA contou a história de Renato no dia 23 de março. Ele voltou a estudar depois de oito meses longe da escola, motivado pelo impacto do filme do super-herói, considerado um marco na cultura negra. Na reportagem, ele contava que sonhava em ser bombeiro. A corporação leu a história e o convidou para um tour em que o próprio comandante-geral, o coronel Roberto Robadey Costa Júnior, esteva presente.
— Ele será muito bem-vindo à corporação. É preciso apenas que se forme no ensino médio e faça uma das nossas provas de ingresso — convidou o comandante.
No passeio, os bombeiros levaram Renato e algumas crianças do Apadrinhe um Sorriso, projeto social do Parque das Missões que incentiva a leitura. Foi numa ação do Apadrinhe que ele conseguiu ir ao cinema. A visita ao QG dos bombeiros, no Centro do Rio, começou com um tour pelo museu na corporação: eles viram réplicas das primeiras viaturas e ambulâncias. Depois, teve um passeio de viatura por dentro do pátio e um lanche.
— Quero ser bombeiro para salvar a vida das pessoas. Como eles salvaram a do meus irmãos — conta Renato.
Renato deixou a casa do pai por cauda de brigas com a irmã e alugou um barraco por R$ 130 mensais. Engraxava sapatos todo dia na Central, e muitos clientes o aconselharam a voltar para a escola, mas foi só depois de ver o “Pantera Negra” que tomou a decisão.
— Sem a escola, não vou conseguir nada. Pensei nisso quando vi, no filme, o Pantera Negra ter que virar rei depois que o pai morreu. Ele achou que não ia conseguir. Mas ele tinha estudo e conseguiu — lembra o menino, agora cursando o 7º ano do Colégio estadual Vila Operária.
Fonte: Extra