A situação dos Bombeiros Voluntários, que correm o risco de terem seu atendimento comprometido devido a uma portaria estadual, virou notícia estadual. Na última semana a RBS TV fez reportagem no quartel dos bombeiros do Caí e também entrevistou o comandante-geral dos bombeiros militares no Rio Grande do Sul.
Os Bombeiros Voluntários correm contra o tempo, pois a nova regra vale a partir de 30 de março. A situação mais preocupante é a do Caí, já que pela norma os bombeiros voluntários só podem atuar em cidades com até 15 mil habitantes. Acima disso os bombeiros devem ser comunitários, com militares junto com civis. É o que ocorre hoje em Montenegro e Portão, onde as corporações são comandadas por militares e têm comunitários. Só que em Montenegro, por ter mais de 30 mil habitantes, pela portaria só poderá ter bombeiros militares.
Os bombeiros voluntários do Caí, portanto, correm sério risco. Isso mesmo com uma tradição de 24 anos de bons serviços prestados. E não é só isso. Pela instrução técnica, não poderiam mais atuar em outras cidades, como apagar incêndios em municípios vizinhos ou mesmo a única equipe de mergulho da região resgatar vítimas de afogamentos. Isso iria prejudicar também outras corporações de bombeiros voluntários da região. Os de Salvador do Sul, por exemplo, tem parceria com São Pedro da Serra.
Recentemente ocorreu um grande incêndio num depósito de uma empresa na Feliz, o qual só foi controlado graças à atuação de corporações de dez municípios, incluindo voluntários e militares. O mesmo ocorreu na última semana numa fábrica de pallets do Caí. Portanto, é fundamental que os bombeiros, tanto voluntários como militares, possam prestar apoio em outras cidades, evitando grandes tragédias.
Voluntários e militares
O comandante-geral dos Bombeiros no Estado, coronel César Eduardo Bonfani, entende que a nova norma visa conhecer a capacidade técnica dos bombeiros voluntários, além de regulamentar a atividade. Esclarece que a intenção é de ajudar os bombeiros voluntários na formação e futuramente também no repasse de equipamentos. Bonfani garante que os serviços que já existem vão continuar. O coronel reconhece o serviço prestado pelos voluntários e diz que não serão afetados pela regulamentação. “Todas as cidades vão permanecer com as atividades, mesmo aquelas acima de 15 mil habitantes”, garante.
Para o comandante dos Bombeiros Voluntários do Caí e também presidente da Associação de Bombeiros Voluntários do Estado, Anderson Jociel da Rosa, a nova determinação pode limitar o trabalho das corporações. Por isso a Associação busca reverter à situação junto aos órgãos do Governo do Estado e em último caso apelar para a Justiça. Também foi lançada a Frente Parlamentar em Defesa dos Bombeiros Voluntários, numa mobilização para buscar solução para o impasse. “Os municípios dependem dos bombeiros voluntários. Não vejo porque o Governo do Estado tem que se preocupar com isso”, questiona o prefeito em exercício do Caí. Luiz Alberto Oliveira, ao ser entrevistado pela RBS TV.
Texto: Guilherme Baptista