LAJEADO | Foi questão de segundos. Enquanto a mãe pedia um carregador emprestado para uma vizinha, a pequena Maria Eduarda de Faria Villa (2) se trancou no apartamento onde mora, no terceiro andar de um prédio do Bairro Conventos, e não conseguiu sair. "Eu não sabia se eu chorava, ligava, mas tentei me manter calma", relembra a mãe da menina, Maristela de Faria Villa.

A primeira reação foi ligar para o Corpo de Bombeiros de Lajeado. "Foi a primeira coisa que eu pensei, ela dizia que não conseguia abrir a porta, daí a gente distraiu ela, e logo eles chegaram. Vieram muito rápido", relembra. Com a inocência da criança e sem entender o perigo que poderia correr, a pequena, que está prestes a completar três anos, conta sobre o episódio. "Foi legal o bombeiro", conta Duda.

Esse foi apenas um dos diversos atendimentos que o Corpo de Bombeiros de Lajeado realiza diariamente. Além de Lajeado, são atendidos outros 13 municípios da região. Coincidentemente, a mesma guarnição que socorreu Maria Eduarda, também estava de serviço quando salvou o pequeno Thomás Felipe Wolfart, de apenas 40 dias, na madrugada do último sábado.

Os soldados Pedro de Carvalho, Rodrigo Roesch, Alisson Wessel, Marcos Kramer e os sargentos Leandro Oliveira e Sérgio Rodrigues trabalhavam na madrugada que os pais do bebê foram até o quartel de Lajeado, localizado na Rua Nicolau Junges, Bairro Montanha. O caso era de um engasgamento.

Nara Scheibler, mãe de Thomás, conta que por ler reportagens a respeito do trabalho que os bombeiros realizam, assim que viram o bebê desacordado, resolveram correr até a corporação. "Se não fosse o Pedro, eu não sei, eu não tinha nem força mais para segurar o meu bebezinho no colo", diz, referindo-se ao soldado Pedro de Carvalho, que realizou a manobra de Heimlich, método de desobstrução das vias aéreas superiores.

Carvalho recorda que já estava no alojamento para descansar, quando, por volta da 1h, recebeu os pais e o bebê. "Como fui o primeiro a chegar e me deparar com a cena, já tirei o casaquinho e o cobertor que ele estava enrolado e comecei a fazer a manobra. Foi rápido, ele estava bem engasgado e quando comecei a fazer a manobra ele já começou a desengasgar", explica o bombeiro militar.

"Um ato de humanidade"

Mais do que grata pelo socorro dado ao seu filho, Nara diz que ficou surpresa por outra atitude que um dos soldados teve no momento. "A gente saiu como a gente estava e eu fui de pé descalço e um soldado trouxe um chinelo para eu colocar no pé. Eu achei isso um ato de humanidade, uma coisa tão humana desse soldado. Eles estão preparados para tudo", observa a mãe do pequeno Thomás.

Referência para a comunidade

Em 2019, pelo décimo ano consecutivo, o Corpo de Bombeiros foi eleito como a instituição de maior credibilidade para a população brasileira. A pesquisa foi realizada pelo Ibope Inteligência sobre o Índice de Confiança Social (ICS).

Essa referência para a comunidade fica mais explícita quando, em qualquer problema que fuja do controle da população, os bombeiros são acionados. Seja para salvar um animal de estimação, ou para controlar um incêndio de grandes proporções. "As pessoas quando precisam, em qualquer situação que foge do conhecimento delas, elas recorrem a nós, acreditam no nosso trabalho e isso é gratificante", salienta o sargento Oliveira. "Ver um pai e uma mãe agradecidos não tem preço", completa.

Texto: Caroline Garske