São Luiz Gonzaga e região talvez não teria que ficar nove dias sem o atendimento do Corpo de Bombeiros, caso fosse diferente a distribuição da cota de horas extras. A determinação das cotas de horas extras deste mês de maio mostra a disparidade entre as regiões do Rio Grande do Sul. Nas Missões, o número é mais baixo do que em todas as outras localidades

O 11° BBM, com sede em Santo Ângelo, possui cerca de 32 municípios, entre eles São Luiz Gonzaga. O recebimento foi de apenas 738 horas. Cidades como Caxias do Sul, por exemplo, recebem quase 10 vezes mais, com 7.100 horas. Não há nenhum batalhão no Rio Grande do Sul com número perto do da Serra. O 7°BBM, com sede em Passo Fundo, recebeu 4.344 e o de Rio Grande 4.818.

Quartéis fechados na região

Com as pouco mais de 700 horas e efetivo muito reduzido, ainda é necessário distribuir além de São Luiz Gonzaga, cotas para Santo Ângelo, Santa Rosa, São Borja, Itaqui e Giruá. Por essa razão, todos esses municípios atuam neste mês em escala alternada, com vários dias sem atendimento à população. Em São Borja, o quartel ficará fechado oito dias. Em Giruá, serão 11 dias com o quartel fechado.

A situação não é nova, com diminuição do atendimento à população a cada mês. Em São Borja e Giruá, o fechamento já ocorria desde o ano passado. Em São Luiz Gonzaga, as portas começaram a ser fechadas em março.

Comandante diz que não deve explicações

Quem decide quantas horas cada unidade vai receber é o comando do Corpo de Bombeiros, que tem como comandante o coronel Adriano Krukoski Ferreira. A reportagem da Rádio Missioneira questionou os critérios usados na distribuição. Ele informou que não devia explicações sobre a disparidade das horas entre os municípios.  Krukoski resumiu que os critérios são vários, como o tipo de serviço prestado e a população atendida.

Região prejudicada

A falta de atendimento prejudica a região. No mês passado, um incêndio em silo na BR 285 foi atendido pela equipe de Santo Ângelo. No tempo que ficaram no combate ao sinistro em São Luiz Gonzaga, cerca de quatro horas, a região de Santo Ângelo ficou desatendida.

Ontem (08), quando novamente não houve atendimento, dois acidentes aconteceram na região. Em um deles, o motorista morreu preso às ferragens. Sem bombeiros na cidade, foi necessário acionar a equipe de Santo Ângelo. O socorro inicial foi prestado pelo SAMU, porém eles não possuem os equipamentos necessários para retirar vítimas de acidentes de trânsito, como desencarcerador.

Lideranças também denunciam o caso

Dois deputados da região foram entrevistados no programa Jornal da Manhã de hoje. Eduardo Loureiro, do PDT, destacou que cabe agora seguir com a pressão em torno do tema e evidenciar o problema para o governo.

Em relação ao montante de horas extras enviados para cada município, no qual há a denúncia de que Caxias do Sul recebe valores acima do que necessita, Loureiro afirmou que irá buscar o secretário de segurança pública do Estado, Cezar Schirmer.

Já o deputado Jeferson Fernandes (PT), afirmou que há descaso por parte do Estado em relação à segurança. A situação da unidade são-luizense se dá pelo corte de horas extras e pela nova política de escala, que deve ser composta por no mínimo quatro homens. Para o deputado, essa é uma postura geral do governo Sartori, que não possui políticas sólidas na área de segurança. 

Fonte: Rádio Missioneira