Dos 80 profissionais do Corpo de Bombeiros que atuam desde a madrugada de terça-feira (1°) no desabamento de um prédio no largo do Paissandu, no Centro de São Paulo, menos de 10% são mulheres.
“Hoje nós estamos trabalhando com efetivo de sete mulheres, sendo duas capitães, uma tenente e quatro praças. Dessas bombeiras, as capitães e a tenente desenvolvem funções de comando, gerenciamento, supervisão. E as praças desenvolvem trabalhos de execução, como o de busca-resgate em estruturas colapsadas e controle e extinção de incêndio”, explica a capitão Luciana.
Na noite desta sexta (4), ela era uma das responsáveis pelo planejamento da operação no local. Segundo a capitão, a presença feminina na corporação cresceu nos últimos anos, mas segue distante de deixar a classificação de minoria.
“Vem sendo conquistada aos poucos, ainda não é uma profissão que nós dividimos os mesmos quadros”, confirma.
Dos cerca de nove mil profissionais do Corpo de Bombeiros paulista, menos de 500 são mulheres.
Luciana ainda revela que, no estado, a patente máxima concedida a uma bombeira é a de capitão – e já são mais de 25 anos desde entrada de profissionais femininas na corporação. “Ainda não tem nenhuma mulher no cargo de coronel, tenente coronel ou major”, conta.
A capitão garante, porém, que apesar da estatística, não se recorda de ter vivido episódios de misoginia durante o ofício.
“O trabalho é exatamente o mesmo, como o treinamento é o mesmo. Todas têm condições, capacidades e treinamento para exercer as atividades igualmente as do homem, não tem distinção. Posso dizer com propriedade porque estou há 22 anos na corporação. Nunca me senti excluída, desvalorizada ou que alguém desacreditasse na minha capacidade.”
Também presente na equipe desde o início dos trabalhos, a tenente Roberta participou da tentativa de resgate de Ricardo de Oliveira Galvão Pinheiro. O corpo dele foi localizado sob os escombros nesta sexta (4).
Ela estava no 13° andar do prédio vizinho, por onde era feito o trabalho dos profissionais, quando o imóvel, já em chamas, desabou.
“Participei desde o comecinho. Eu estava a dois andares de chegar nele com mais equipamentos para puxá-lo também. Quando infelizmente separou os dois prédios, a corda não sustentou. Os bombeiros ficaram em cima do prédio e a vítima infelizmente veio a cair. Estávamos nos corredores de escada, estourou as janelas, caíram muitas fagulhas e pedras em cima da gente também”, narra.
Fonte: Lívia Machado, G1 SP, São Paulo
Foto: Divulgação/COM SOC CB - Cb PM Arrais