As obras da nova sede do 4º Batalhão de Bombeiros Militar (4ºBBM) de Criciúma começam nesta sexta-feira, dia 12. Um ato de demolição do quartel marcará o início dos trabalhos. Só que nem todas as partes que compõem o batalhão serão colocadas no chão. A simbólica estátua de um bombeiro, que fica em frente a unidade, será preservada

A obra de arte foi colocada na sede dos militares em 2003. De acordo com o comandante do 4º BBM, tenente-coronel Henrique Piovezam da Silveira, a escultura será levada para a sede provisória, onde a corporação ficará até a conclusão da construção do novo batalhão. Ao fim das obras, a estátua deverá retornar para a rua Dolário dos Santos, no Centro de Criciúma.

“A estátua demonstra uma das principais atividades do Corpo de Bombeiros, que é o combate a incêndio. A ideia é levar ela para a frente do quartel provisório, na sede da antiga Casan, porque realmente é uma escultura bastante marcante do nosso quartel e também da cidade”, diz Silveira.

Homenagem aos bombeiros

A estátua foi construída pelas mãos do artesão João Gilberto Freitas Kawabata, a pedido do então comandante do quartel de Criciúma e hoje coronel da reserva do Corpo de Bombeiros Militar de Santa Catarina, João Carlos Leão Correia. O objetivo foi homenagear todos os militares, mas principalmente os que perderam a vida no desempenho de suas atividades.

A ideia de honrar os companheiros surgiu, conforme explica o coronel Leão, após o atentado terrorista contra o World Trade Center, as Torres Gêmeas, nos Estados Unidos. “Na mesma época, um soldado da nossa guarnição morreu ao tentar salvar um trabalhador dentro de um silo em uma empresa de Criciúma. Foi pensando na memória desses militares que eu tive a ideia da estátua”, conta.

O modelo para a construção da escultura foi uma estatueta comprada por Leão durante um encontro de bombeiros de todo o Brasil em São Paulo, em 2002. A decoração, que ficava exposta na sala do comandante, foi a inspiração de Kawabata.

O artista

Uma estrutura de concreto de três andares. Em cima dela, a escultura de um bombeiro militar, esculpido também em concreto, segurando uma mangueira de combate a incêndio e usando equipamentos de segurança nas cores preto e amarelo, como se estivesse atuando no controle de chamas. Nos braços uma pequena pichação, deixada por algum vândalo que por ali passou para deixar sua marca. É assim que se encontra a estátua atualmente, mas nem sempre foi desta forma.

“No começo, nem pintada ela era. Ela era apenas no concreto. Depois eles pintaram. A estátua também foi projetada para que fosse um chafariz, com água saindo na ponta da mangueira. Só que isso não aconteceu”, recorda o João Gilberto Freitas Kawabata, o autor da obra de arte.

E não foi só a ideia do esguicho que ficou para trás. Ao circular no entorno da estátua nem mesmo a data de inauguração ela tem. “Até tentamos fazer a placa com os nomes dos comandantes da época, a data da inauguração. Tentamos algumas vezes no tempo do comandante Leão e outros comandantes, mas acabou não indo para frente. Quem sabe agora poderia aproveitar para isso”, conta.

A escolha de Kawabata para ser o artesão responsável pela obra foi ao natural. Ele é guarda-vidas civil há anos e sempre teve boa relação com os militares. “Quando eu vi o modelo na sala do comandante eu falei que fazia. Ele chegou até duvidar em alguns momentos, mas saiu. Um pouco diferente do que a original, porque eu gosto de fazer do meu jeito, mas ficou bem legal. Tenho orgulho de fazer parte da história do batalhão”, comenta.

Espaço para a comunidade

Além de homenagear os bombeiros, outro propósito da estátua foi aproximar a comunidade da corporação. Deu certo. Não foram poucas as vezes que os criciumenses passaram por ali e fizeram uma foto.

“Antes a nossa sede era rodeada de muros. Mandei derrubar tudo e fazer aquela pracinha onde fica a estátua. Criciúma tinha poucos espaços públicos como os parques que tem hoje. E funcionou. Os moradores vinham ali passear com seus filhos, com os animais. E até hoje é assim. No começo a parte debaixo da estátua com água, mas depois um comandante mandou colocar terra, porque dava muita manutenção”, relata.

A comunidade, inclusive, foi peça importante para a construção da escultura que custou, na época, aproximadamente R$ 1,6 mil. “O Corpo de Bombeiros não tem recurso para estátua. O dinheiro eu consegui pedindo ajuda de moradores e empresas”, relata Leão.

Ele chegou a cogitar que a bombeiro militar de concreto nem ficasse em frente ao batalhão. “Por ser uma homenagem, acho que valeria um local de maior destaque, na avenida Centenário, por exemplo, ou em algum outro ponto mais central. Cheguei a pensar nisso, mas por segurança, por receio de vandalismo resolvi deixar ela perto da gente, onde os bombeiros conseguiam vigiar. Acabou que ali ela também se tornou um símbolo marcante”, recorda o ex-comandante do batalhão.

O atual comando do 4ºBBM ainda não sabe qual será o espaço que será destinado para a estátua quando a obra da nova estrutura for finalizada e nem se ela será revitalizada.

Foto: Manuela Silva/4ºBBM