Os incêndios que devastam os arredores de Atenas mataram ao menos 74 pessoas, anunciou nesta terça-feira a porta-voz dos Bombeiros, Stavroula Maliri, revisando em alta um precedente balanço de 60 mortos. Este balanço não é definitivo. Uma centena de bombeiros continuam em busca de possíveis vítimas na região turística à margem do Atlântico, que foi surpreendida pelas chamas na segunda-feira à tarde. Nesta terça, os corpos carbonizados de 26 pessoas foram encontrados em uma casa em Mati, costa oriental da região de Ática. 

Os corpos das vítimas estavam abraçados e carbonizados, segundo um fotógrafo da AFP. Aparentemente, não conseguiram chegar ao mar para se protegerem das chamas, avaliaram os bombeiros, acrescentando que o incêndio foi controlado em Ática.

Continua muito ativo, porém, em Kineta, 50 quilômetros ao oeste de Atenas. Segundo Tsagarakis, o balanço de vítimas pode aumentar com a descoberta de pessoas que ficaram presas em suas casas. Entre os mortos confirmados há uma mãe polonesa e seu filho, de acordo com Varsóvia, que não forneceu mais detalhes. Os moradores das áreas afetadas continuam a assinalar desaparecidos, principalmente junto aos três postos da Cruz Vermelha instalados na região, afirmou à AFP Georgia Trisbioti, uma porta-voz da organização. "As pessoas estão chocadas, perdidas. Algumas perderam tudo, filhos, parentes, casas", declarou, comovida.

"Hoje a Grécia está de luto", afirmou por sua vez o primeiro-ministro Alexis Tsipras, que anunciou em um pronunciamento oficial três dias de luto nacional. Autoridades e testemunhas descrevem um dilúvio de chamas que se abateu na segunda-feira à tarde na região, surpreendendo as vítimas em suas casas e veículos.

"Avanço fulgurante"

Segundo o secretário-geral da Defesa Civil, Yannis Kapakis, os incêndios foram avivados por ventos de mais de 100 km/h, uma "situação extrema". "Os ventos provocaram um avanço fulgurante do fogo na malha urbana", explicou a porta-voz dos Bombeiros, Stavroula Maliri. "Mati não existe mais", declarou o prefeito de Rafina, Evangélos Bournous, contabilizando "mais de mil construções e 300 veículos" afetados. O governo cita 172 feridos, incluindo 16 crianças. Entre os adultos, 11 estão em estado grave. 

Os sobreviventes passatam horas de angústia em meio às nuves de cinzas à beira mar, à espera do socorro. Cerca de 715 pessoas foram resgatadas por mar. Autoridades e voluntários se organizam para ajudar as vítimas, com coleta e distribuição de água, comida e roupas, enquanto os desabrigados foram enviados a hoteis. Ao menos cinco pessoas morreram no mar, onde as buscas continuam. A identificação das vítimas será longa, uma vez que esta região é bastante frequentada por turistas estrangeiros.

Ajuda externa

O país, que ativou o Mecanismo Europeu de Defesa Civil, tem recebido ajuda - principalmente aérea - da Espanha, França, Israel, Bulgária, Turquia, Itália, Macedônia, Portugal e Croácia, enquanto mensagens de condolências chegavam do exterior. "A Comissão Europeia não poupará esforços para ajudar a Grécia", tuitou seu presidente Jean-Claude Juncker. A Procuradoria do Supremo Tribunal abriu uma investigação sobre as causas do incidente.

Antecipando-se a uma possível polêmica sobre a resposta do aparato estatal, o governo enfatizou que enfrentava um fenômeno "extremo" e "assimétrico", segundo Tsipras. O porta-voz do governo, Dimitris Tzanakopoulos, observou que "15 incêndios começaram simultaneamente em três frentes diferentes" em Attica. Os Estados Unidos emprestaram um drone para sobrevoar Attica e "observar e detectar qualquer atividade suspeita", acrescentou. A presidência da República cancelou a recepção anual marcada para esta terça-feira para comemorar a restauração da democracia na Grécia em julho de 1974.

A Grécia enfrenta uma onda de calor com temperaturas de até 40ºC, e segundo os serviços de meteorologia as condições seguirão muito complicadas nesta terça-feira.

Fonte: Correio do Povo / Foto: Angelos Tzortzinis / AFP / CP