Em todo o mundo os cães de busca atuam em importantes missões de, resgates e salvamentos. No pelotão do Corpo de Bombeiros de Americana, a cachorrinha Fumaça tem uma vida bem menos ocupada, repleta de amor, carinho, brincadeiras e petiscos.

Considerada a mascote da corporação, ela é um cão doméstico, apesar de viver no quartel desde os 35 dias de vida, quando era tão pequena que cabia dentro da bota dos bombeiros.

Para a pet poder viver no quartel, precisou ter a aprovação do comandante, o capitão PM Gobbo, que de pronto aceitou sua presença, desde é claro, que todos se comprometessem a cuidar dela, algo que não foi nada difícil, afinal, Fumaça é muito amada. Neto conta que eles atuam em 3 equipes de serviço e que em cada uma, sempre tem um bombeiro responsável por ela. “Limpamos a sujeira, alimentamos e tomamos todos os cuidados necessários para mantê-la bem e o ambiente em ordem”, comenta.
 
O nome foi escolhido através de votação junto ao efetivo, que teve essa ideia de Fumaça, uma associação com o trabalho do bombeiro, fogo e fumaça.

Rotina da pet. Alegre, dócil e muito brincalhona ela é receptiva, contudo, quem visita a sede do Corpo de Bombeiros sabe que a apresentação começa com alguns latidos de reconhecimento. Após a aproximação, ela cheira, e sendo aprovado, logo ela busca um brinquedo para mostrar ao visitante como forma de boas-vindas.

Uma verdadeira atração do quartel, Fumaça encanta todo mundo que se aproxima do local, especialmente as crianças. “Como o sonho de muitas crianças é de ser bombeiro, sempre recebemos muitas querendo conhecer os caminhões, ver nossas roupas, enfim, quando encontram a Fumaça, acabam se desinteressando por tudo para brincar com ela, que sempre aparece com algum brinquedo, chamando mais atenção do que as viaturas”, relata o cabo.

Sem adestramento. Com dois anos e meio de idade, Fumaça proporciona momentos bem especiais a seus tutores. “É uma fuga de nossa rotina de trabalho”, comenta o cabo. De acordo com ele, quando está no quartel ela sempre fica a sua volta. “Todo dia quando chego, ela está me esperando no portão. Estaciono o carro, abro a porta ela entra e pula no meu colo, aí eu desço e ela sai correndo na minha frente. Pega a bolinha, entra no alojamento e senta na porta do meu armário esperando um petisco”.

Segundo o cabo PM Teixeira Neto, 38 anos, um dos que mais cuidam de Fumaça, a cadelinha sem raça definida, ou como é popularmente conhecida “vira-latas”, tem uma história de resgate. A mãe dela foi encontrada abandonada prenha em uma chácara das redondezas e após ser acolhida, teve cinco filhotes, entre eles a mascotinha.

Apesar de ser uma cachorrinha extremamente inteligente, que entende praticamente todos os comandos que lhe são dados, ela nunca foi adestrada. “Ela conhece os horários, sabe os ambientes que pode ou não frequentar e quando deseja acessar alguma sala restrita, senta na porta e fica olhando como se pedisse permissão”, pontua.

Neto acredita que os cães sentem como os humanos e sabem quais são os limites das pessoas, portanto, conhecem bem quem gosta ou não de brincar com eles. Além disso, ele também crê que apesar de muitas pessoas interagirem com Fumaça, ela acabou o elegendo como tutor. “Os cães sempre escolherem alguém para ser o seu dono, então, como sempre criei cachorro desde a minha infância, eu acho que ela me escolheu”.

Mais amor. Também muito apaixonada pela Fumaça, a oficial administrativo Elisabete Aparecida Moretto, 60, afirma que a pet é uma cachorrinha de sorte, afinal, não é todo animal que tem a oportunidade de viver em um “lar” tão especial.

“Eu amo a Fumaça! Ela traz alegria pra gente, torna nosso dia a dia mais leve. Na verdade, para mim, o trabalho que temos é um grande prazer, pois estamos dando uma vida melhor para ela. Se não fosse assim, por seu histórico, provavelmente estaria vivendo nas ruas”.

O chamego com a cachorrinha é tão grande que aos finais de semana Bete a leva para casa. “Tenho um cachorro mais velho, que também foi resgatado e que adora ela. Eles se gostam, combinam, então a gente se diverte junto”, comenta.

Boas amizades. Aliás, interação é o forte da Fumaça. Além de adorar as crianças que visitam periodicamente o Corpo de Bombeiros, ela também tem uma amiga gata, que tem uma história especial assim como a dela.

“Essa gatinha chegou aqui em 2015, dentro do motor de um carro. A mulher parou o carro aqui na frente dizendo ouvir um barulho estranho e a equipe de serviço percebeu que a filhotinha estava lá. Ela entrou no quartel e nunca mais saiu. Hoje, ela e a Fumaça brincam bastante”.

Assim como já aconteceu com um outro gato que morava no quartel, um dia, quando estiver idosa e precisar de cuidados mais específicos por conta da idade, Fumaça precisará deixar esse lar especial, mas, não se preocupem, pois Neto promete: “A briga para levar ela para casa será grande”, e ele é o primeiro da fila.